O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem a importância da democratização da cultura, com o acesso do povo às atividades culturais. A afirmação foi feita em seu programa semanal de rádio “Café com o Presidente”, do qual participou também o ministro da Cultura, Juca Ferreira.
Na semana passada o governo enviou um projeto de lei ao Congresso Nacional que cria o Vale-Cultura, com valor nominal de R$ 50. A ideia é disponibilizar uma espécie de tíquete nos mesmo moldes em que o vale refeição funciona hoje, só que para consumo cultural. O vale poderá ser usado na compra de livros, discos, ingressos de cinema, teatro, museus, shows e aluguel de filmes, apenas em locais credenciados.
Alguns detalhes ainda precisam ser definidos, mas o Ministério da Cultura (Minc) planeja um mecanismo similar ao utilizado pelos outros benefícios, com um cartão magnético. Se não utilizar todo o crédito, o trabalhador pode usar o saldo restante no mês seguinte.
No programa de rádio, Lula afirmou que, além de trabalhar, constituir família e cuidar dela, o povo precisa ter acesso à cultura. Para ele, a cultura tem que estar ao alcance de todos e o cidadão que mora na periferia a duas horas de ônibus do centro de uma capital não deveria pagar a passagem de dois ônibus para ir ao cinema, por exemplo.
“É o cinema que tem que estar mais próximo dele, é o teatro que tem que estar mais próximo dele”, disse.
O presidente deixou claro ainda que esse é apenas o primeiro passo, pois espera se unir aos prefeitos, governadores e empresários para levar atividades culturais à periferia mais “longínqua, onde as pessoas estão, a possibilidade de acesso ao conhecimento cultural”.
O ministro Juca Ferreira destacou que a iniciativa deve permitir que um número entre 12 e 14 milhões de brasileiros comecem a frequentar cinemas e teatros e ainda tenham a possibilidade de comprar produtos culturais como CDs e livros. O ministro, comparou a iniciativa ao Vale-Refeição. “Só que em vez de alimentar o estômago vai alimentar o espírito”, disse.
O ministro lamentou que o País viva em um apartheid cultural. “O número de brasileiros que têm acesso à cultura é muito pequeno, nunca chega a 20%. A única exceção é a TV aberta”.
Juca Ferreira lembrou que da população brasileira, apenas 14% vai ao cinema uma vez por mês com alguma regularidade, 96% nunca entrou num museu, 78% nunca viu um espetáculo de dança e 93% nunca foi a uma exposição de arte. “Ou seja, a gente até hoje nesses 500 anos de Brasil, não conseguiu integrar a população brasileira na cultura”.
Boletim Informes do PT - nº 4287 - 28/07/2009
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