24 DE JUNHO DE 2009 - 19h29

Glórias e alegrias de um garoto de 94 anos - ABC FC

A partir do dia 29 de junho de 1915, o Rio Grande do Norte passou a ter muito mais motivos para se alegrar: surge nessa data, em Natal, o simpático ABC Futebol Clube. Com a cara do nosso povo, trazendo tantas glórias, honrando suas cores alvinegras e enchendo o nosso peito de orgulho.

Traz no seu surgimento o sentido da integração latino americana, na homenagem a Argentina, Brasil e Chile, vizinhos e irmãos do Continente de Simón Bolívar. O contexto histórico de seu nascimento, à época, situa esta terra potiguar num cenário de florescimento do esporte mágico que os ingleses criaram e que o Brasil viria a protagonizar, fechando o século XX e adentrando os primeiros anos da nova era com notória e inquestionável hegemonia.

Contemporaneidade com o Brasil, identidade com o Rio Grande do Norte. O mascote, aquele simpático e gracioso elefante, lembra muito mais do que os contornos geográficos do nosso Estado. Simboliza a alegria de um povo laborioso, mas ao mesmo tempo espirituoso. Valente ao defender seu território diante do invasor holandês, mas também solidário ao receber, de braços abertos, os que aqui acolhem com intenções honestas e fraternas.

Assim como o povo potiguar fez brotar, ao longo de sua história e de suas lutas, os mais legítimos e respeitados heróis e símbolos, o nosso ABC fez e faz a sua gloriosa história fazendo emergir, do anonimato, verdadeiros mitos como Jorginho, Alberí, o baixinho Erivan, o capitão Edson, Danilo Menezes, Sérgio Alves e Wallisson, entre tantos outros.

Primeiro decacampeão em todo o Brasil, no período de 1932 a 1941, marca só igualada em seguida por um tal de América (de Minas Gerais), mais de dez anos depois. Quem pode oferecer a uma torcida exemplos como o do goleador Xixico e do volante Simão, que participaram de todos os dez títulos?

Vocês conhecem algum outro clube no Brasil que tenha 50 títulos de campeão estadual? Em apenas 94 anos!

Nossa relação com o “Mais Querido” não poderia ser outra, senão a de pertencimento mútuo. O ABC é nosso, e a recíproca é verdadeira. Afinal, quem consegue ter patrimônio semelhante à nossa “frasqueira”?

Dentro e fora de campo, uma história de sucesso. Em plena época de crise no futebol, contrariando toda e qualquer lógica, o ABC inaugura, em janeiro de 2006, uma das sete maravilhas potiguares: o estádio “Frasqueirão”. A propósito, quantos estádios existem pelo Brasil afora homenageando a mulher? O nosso Maria Lamas Farache lembra, a um só tempo, os extraordinários atributos femininos como a sensibilidade e os encantos, junto com a abnegação e a garra.

Nesse contexto, o ABC e seu novo estádio conseguem fazer voltar, em jogos de futebol, a presença de famílias inteiras. Homens, mulheres e crianças, num belo espetáculo de encontro com as nossas tradições, prestigiando e elevando o nível do igual espetáculo das quatro linhas, dentro de campo. Não é um fato qualquer, mas algo digno de registro, que precisa ser festejado e estimulado.

Mais um passo, mais uma festa: num país como o Brasil, com uma quantidade de clubes competitivos na ordem de grandeza da casa das centenas, a conquista da vaga para o seleto clube da Série B não é um acontecimento qualquer. Tem um sabor muito especial.

“Serás sempre o mais querido, pelos nossos corações...” O eco, em uma só voz, não se cala diante de tamanha paixão. Por isso é tão famosa a frase de um certo poeta que diz: “Somos um povo que tem um time. E esse time tem uma torcida”. Esse time é o ABC, com as glórias e alegrias de um garoto de 94 anos. Parabéns!

por George Câmara, petroleiro, advogado e vereador em Natal pelo PCdoB