CORDEL: A chegada de Gilmau Mente ao inferno em carne e osso
1
Na onda da excomunhão
De uma vítima do mal,
Uma inocente estuprada
Que fez aborto legal,
A CPT resolveu
Excomungar o fariseu
Do Supremo Tribunal.
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Foi aí que os cristãos
Que defendem a igualdade,
A liberdade, a justiça,
A paz e a fraternidade
Viram que o certo é tirar
Da comunhão e do altar
Quem vive a fazer maldade!
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Em vez de excomungar
Um médico que salva vida,
A mãe que defende a filha
E a criança agredida,
É melhor mandar por inferno
Algum fariseu moderno
Que odeia a classe oprimida!
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Por exemplo, “Gilmau Mente”
Que ao Sinédrio comanda,
Que agora contra os Sem-Terra
Igual a jagunço anda:
O fuzil da lei em punho
Procurando um testemunho
Pra lascar Sem-Terra em banda!
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Mas eis que se reuniram
Cristãos revolucionários,
Os profetas e o povão,
Teólogos e operários
Para julgar os pecados,
Do carrasco dos lascados,
Protetor dos salafrários.
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Neste tribunal sentaram-se
Frei Betto, Dom Balduino,
O Frei Leonardo Boff
E o Dom Pelé, nordestino,
Irmã Ivone Gebara
Pra julgar, da peça rara,
Qual o seu novo destino.
7
Padre Luis Couto esteve
Com Reginaldo Veloso
Analisando “Gilmau”
No seu jeitão mafioso,
Pra saber se o tal ministro
O direitoso sinistro
Era um ‘deus’ ou um tinhoso!
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Quando eles pegaram a ficha
Do réu, rei de um tribunal,
Leram a reportagem que
Tem na Carta Capital
Viram que era duro o teste:
Mandar pra mansão celeste
Ou pra profunda infernal?
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E começaram a fazer
Perguntas ao sinistrão.
Primeiro: por que morreu
Com balas de “trezoitão”
Andréia Paula Pedroso
Por ser contra um m afioso
Prefeito que é seu irmão…!
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E por que participou
Da campanha eleitoral
De um irmão quando já era
“Advogado Geral”
E quatro anos à frente
Se já era presidente
Do Supremo Tribunal.
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Perguntaram-lhe também
Qual a relação, enfim,
Com donos do frigorífico
Chamado “Grupo Bertin”
Por ser cartel condenado,
E com matadouro instalado
Na terra do irmão ruim?
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Em seguida perguntaram
Por que não licitação
Para que o seu instituto
Ganhasse tanto milhão
Com contrato suspeitoso
Quando F.H. Cardoso
Governava essa nação?
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E perguntaram também:
Pode explicar, seu moço,
Porque sua faculdade
Tem filé em vez de osso?
Pois o prefeitão/irmão,
Transformou tributação
Em bolsas que enchem seu bolso?
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Outro perguntou, mostrando
Até um pouco de ânsia:
Por que mais de 30 ações
Contra o ódio e a ganância
Do prefeitão seu irmão
Morrem por inanição
Antes da primeira instância?
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Aí outro perguntou
Ao ministro-presidente
Porque Daniel Dantas disse:
“Lá por cima é com a gente…”
E logo viu-se o “orelhão”
Co’os habeas corpus na mão,
Desavergonhadamente!
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E por que foi que o segundo
Habeas corpus do banqueiro
Saiu depois que a TV
Mostrou pra o Brasil inteiro
Um dos jagunços do chefe
Tentando comprar um PF
Com um saco de dinheiro?
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E por que se empenhou tanto,
Com instinto de Caim
Pra tirar Paulo Lacerda
Do comando da ABIN?
E por que nunca provou
Que a ABIN lhe grampeou
Quem está mentindo, enfim?
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Perguntaram-lhe também:
Responda rapidamente
Onde uma Suprema Corte
Concede ao mesmo “cliente”
Dois hábeas corpus fuleiros
Fabricados bem lige iros
Igual a cachorro-quente
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Perguntaram-lhe também
Em qual país, finalmente,
Onde um poder se intromete
No outro cinicamente
Procurando ameaçar
Dizendo que vai chamar
“Às falas”, o presidente!
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E como um advogado
Geral da própria União
Por incompetência perde
No tribunal, uma questão,
Esperneia a repetir
Que ninguém cumprir
Da Justiça, a decisão!
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Quem diabo é Mário Chaer,
De consultor um Dublê?
Que é que sua empresa tem
A ver com a BrT?
E porque a AGU
Repassou tanto tutu
Para o seu IDP?
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Perguntaram se mantinha
O seu dizer tão grosseiro
Chamando de manicômio
O Jurídico brasileiro
E porque seu voto às tontas
Contra investigar-se contas
De Maluf, no estrangeiro?
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Mas além de responder
Às perguntas dos jurados
O juiz fora-da-lei
Jurou deixá-los calados
Censurando a todo gás
Noticiários, jornais,
Fossem escritos ou falados…
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Então viram que Gilmau,
É a própria encarnação
Das entranhas do poder
Dos Ravengars em ação
Que em cinco séculos de história
Rasgaram o livro da glória
Da memória da nação.
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Que ele é fruto da corja
Dos primeiros degredados,
Dos invasores das naus,
Os de batina e os fardados
Que com a cruz e a espada
Deixaram a pátria estuprada
E os índios assassinados.
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Tem gens dos capitães-mores
Das tristes capitanias,
Da extorsão extrativista,
Do esbulho das sesmarias,
Do látego no preto rosto,
Da sonegação de imposto,
Das ditaduras sombrias.
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Que ele é a cara trágica
Da “derrama” e do Sivam,
Do Finor e do Proer,
Da Sudene e da Sudam,
Daslu, Gautama e Navalha,
De toda aquela canalha
Do Marka e Fontecidam.
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Foi aí que o Tribunal
Viu o perigo do moço…
Viu que o prato era indigesto,
Pura carne de pescoço
E decidiu com durezas
Mandá-lo pras profundezas
Do inferno em carne e osso!
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Foi feita a excomunhão
Para acabar o chamego,
Pegaram vela, água benta,
Dente agudo de morcego,
Cachaça, veneno e lama
E foram fazer no Gama,
A “Sessão de Descarrego”.
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Quando a sessão terminou
Estavam todos suados…
Logo o maldito chegou
Aos pés dos cães graduados…
Mas o Conselho Infernal
Achou “Gilmau” muito mal
Quando julgou seus pecados
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Lúcifer tomou a frente
E com gesto varonil
Disse: o Brasil tá feliz;
Devolva-se este imbecil…
Reencarne alma perdida,
Vá infernizar a vida
Dos bons cristãos do Brasil!
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Por isso “Gilmau” voltou;
E por isso hoje sofremos…
Da barca do Satanás,
Ele é quem comanda os remos
Dando as cartas, de verdade,
Pra tudo quanto é maldade
Dos tucanos e dos demos…
Vade retro!
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