29 de junho de 2013

REDINHA E NÃO RIDINHA - Câmara Cascudo

Acta Diurna De Luís da Câmara Cascudo REDINHA E NÃO RIDINHA Creio que esta é a terceira ou quarta vez que escrevo sobre a linda Redinha. Pelo menos em duas crônicas respondera consultas sobre a pronúncia do nome da praia bonita. Expliquei que o certo é Redinha, e Ridinha é uma mania como outra qualquer. Mera questão de dizer um nome errado e teimar. Ninguém pode evitar que um cidadão entenda de dizer e escrever Cidade de Natal em vez de Cidade do Natal, que é o real, histórico e certo. Não é dado a todos obedecer a Constituição do Estado do Rio Grande do Norte, que, no seu artigo 2º, estabeleceu a grafia oficial. Não há Ridinha em registro algum do meu conhecimento. Encontra-se, abundantemente, nos arquivos de nossa História é Redinha. Ela foi dada ao Padre Gaspar Gonçalves da Rocha pelo Capitão-Mor João Rodrigues Colaço em 23 de junho de 1603. Constituía a doação em 1.500 braças começando da boca do rio Guarau (Guagiru) pelo rio Potengi acima e era excelente porto de pescaria. É o porto da pescaria que foi dos Capitães todos, e hoje é de Pero Vaz a quem o deu o senhor Governador Gaspar de Souza; é o melhor porto de pescaria que aqui há de fronte da Fortaleza. Até 1614 não tinha nome e não o encontrei durante o domínio holandês nem durante todo século XVII. Deve ter sido dado no correr do século XVIII por algum português proprietário da região. Na primeira metade deste século XVIII deparo o topônimo já popular e velho. Trata-se de D. Joana de Freitas da Fonseca, viúva do Capitão Manoel Correia Pestanha, ter comprado a uma viúva, de nome Gracia do Rego: “... o sítio chamado da Redinha da outra banda do Rio desta Cidade, com toda terra dita Redinha até a Pajussara por comprido e do Outeiro do Minhoto até o rio Guagiru”. A data do registro é de 5 de junho de 1731. Este Outeiro do Minhoto é o antigo Sítio Floresta, da Caluna até a antiga terra do patrimônio de Nossa Senhora da Soledade, na povoação do Igapó. O rio Guagiru é o Rio da Redinha, Rio Doce, sangradouro da lagoa de Extremoz, a Tijuru, na aldeia de São Miguel de Guagiru. A Redinha continuou habitada. Ainda em 1764, Caetano Pereira de Andrade dizia-se “morador no sítio da Redinha”. O nome nos veio de Portugal, com todas as letras. Redinha é uma vila do Conselho de Portugal, distrito de Leiros, na Extremadura. De lá emigrou o topônimo para batizar a praia da cidade do Natal. Como vêm, sempre Redinha, Redinha, Redinha... A República, Natal, Sábado, 14 de Fevereiro de 1959.

27 de junho de 2013

Manifesto dos artistas de Curitiba

Manifesto dos artistas de Curitiba No dia 23 de junho de 2013, integrantes da comunidade artística de Curitiba se reuniram na Casa Selvática para discutir o atual momento político, à seqüência de manifestações que tiveram início com o Movimento Passe Livre de São Paulo e que se alastraram por todo o país, trazendo à tona também diversos outros desejos e insatisfações do povo brasileiro. Nós, artistas abaixo-assinados, e todos aqueles que quiserem se juntar a nós, achamos importante divulgar alguns de nossos posicionamentos para nos juntarmos a esse movimento, sem no entanto colaborar com a difusão de idéias das quais discordamos. 1. Posicionamo-nos alinhados a pensamentos de esquerda – entendendo a esquerda como a tradição política humanista que defende a atuação necessária de todos, cidadãos e poder público, na redução da desigualdade social, ao mesmo tempo em que garante a cidadania e a autonomia das pessoas sobre o próprio corpo e sobre a própria vida. Estamos com as mulheres e em defesa das pautas que garantam a sua autonomia e cidadania. Estamos com as populações negras, indígenas, e todas as demais que sofram discriminação por conta de sua etnia, fé religiosa ou condição econômica. Também nos solidarizamos com as lutas da comunidade LGBT, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, e com todos os movimentos que tenham como ideais a igualdade de direitos e deveres, de oportunidades, a conquista da plena cidadania e o aprofundamento dos processos democráticos de organização social e política, visando a construção de um Estado laico, soberano e ligado às suas populações e diversidades; 2. Pertencemos a agremiações políticas diversas, partidárias ou não, mas reconhecemos a existência de partidos como uma vitória da democracia. Sua tradição histórica na promoção das causas sociais justas é inegável. Dessa maneira, somos terminantemente contrários à repressão ou à violência contra a presença de representantes de partidos, movimentos sociais, ou de qualquer organização similar nas manifestações, pois entendemos que não podemos desenvolver a nossa democracia sem respeito à pluralidade de idéias; 3. Individualmente e coletivamente, temos críticas a diversos setores do poder público, mas entendemos que estamos tendo acesso a uma rede de diálogo e conquistas sem precedentes em nossa história, e que trabalharemos para a manutenção e o aperfeiçoamento desse processo, e não de destruição. Não queremos impeachments e destituições. Queremos uma transformação estrutural no sistema político brasileiro por meio de uma reforma ampla e participativa, de acordo com termos sugeridos e desenvolvidos por diversos movimentos sociais brasileiros; 4. Rechaçamos veementemente a violência, em todos níveis e formas, seja por parte do poder público, materializada nas ações das polícias militares de vários estados, seja por parte de grupos e/ou indivíduos da sociedade civil, que tem se mostrado presentes nas manifestações; 5. Não esquecemos em nenhum momento da questão do transporte público e do direito inalienável de ir e vir. É uma pauta essencial, que afeta pessoas de todas as classes sociais, interfere diretamente na mobilidade urbana, no acesso a saúde, alimentação, trabalho, creche, cultura, etc.; 6. Se há brutalidade, se há violência, isso é conseqüência direta também de um sistema educacional com princípios mercantis, que priorizam a formação voltada para um mercado de consumidores em detrimento de uma vida plena, em coletividade, de cidadãos. O direito à utopia nos é retirado não apenas pela falência das instituições políticas, que não nos permitem ter esperança de transformação, mas também pelo modelo educacional vigente, que nos forma para atender a interesses de um mundo individualista baseado exclusivamente no consumo. Ampliação dos investimentos públicos em educação, ao nosso entender, constitui-se como um dos passos urgentes e essenciais para a construção de um país com justiça social e igualdade de oportunidades. Por estes motivos apoiamos a iniciativa do governo federal constante do Projeto de Lei 5.500/13, que destina 100% dos royalties do pré-sal para a educação; 7. Lembramos que as grandes transformações civilizatórias estiveram atreladas a processos de valorização da produção artística como um dos elementos catalisadores da formação da identidade e da subjetividade de um povo. A cultura, entendida como o conjunto de elementos e práticas que caracterizam uma sociedade, não pode prescindir do estímulo à produção artística através de ações diretas do poder público em todas as suas instâncias. Nós artistas entendemos que a arte, ao lado da educação, deve compor as bases de uma sociedade possível, erigida sobre valores humanistas de solidariedade, fraternidade e igualdade. Assinam este manifesto: Adara Garbuglio Adriano Esturilho Aguinaldo Martinuci Alexandre Pagliosa Alves Alini Avelino Amabilis de Jesus Amanda Leal Ana Cristina Fabricio Ana Ferreira Anaterra Viana Andrea Nardi Andrei Moscheto Andreia Obrecht Anita Gallardo Ary Giordani Betina Belli Bia Figueiredo Bruno Costa Calu Monteiro Camila Folloni Cândida Monte Carlos Eduardo Vilas Boas Carmen Jorge Carol Winter Carolina Caldani Carolina Maia Célia Ribeiro Cesar Almeida Chico Nogueira Ciliane Vendruscolo Cintia Scoriza Clarissa Oliveira Cleber Borges Cleber Braga Cristóvão de Oliveira Cristóvão de Oliveira Daiane Rafaela Danielle Campos Diego Baffi Diego Fortes Edith de Camargo Edson Rocha Eduardo Giacomini Elenize Dezgeniski Emerson Persona Erica Takahashi Fabianna Pescara Felipe Bello Flávio Jacobsen Frederico Neto Gabriel Machado Gabrielle Maria Giovana de Liz Gô Küster Grace Torres Greice Barros Guenia Lemos Guillherme Belotti Gustavo Bitencourt Henrique Saidel Ingrid Pavezi Isadora Terra Isidoro Diniz Isidoro Diniz Ivan Ivanovick Janaina Micheluzzi Jerusa Costa Jo Mistinguett Joana Corona João Castelo Branco Jossane Ferraz Juão Nin Juliana Adur Juliana Anverce Juliana Biancato Juliana Tonin Julio Cezar Soares Julio Garrido Kaley Michelle Katia Horn Kelly Eshima Larissa De Souza Lima Moreira Laura Formighieri Lauro Borges Leandro Borgonha Leco de Souza Lena Sonda Léo Moita Leonarda Glück Leonardo Fressato Lidia Ueta Lígia Quirino Límerson Morales Luana Navarro Lucas Françolin de Paixão Lui Langz Luiz Antonio Corona Luiz Bertazzo Luiz Henrique Leocádio Luiz Nobre (Carioca) Maíra de Aviz Máira Nunes Manolo Kottwitz Marcel Szymanski Marcela Mancino Marcelo Gomes Marcelo Muniz Marcia Moraes Márcio Mattana Marco Fábio Maia Corrêa Marcos Geroldo Appel Marilia Rios Ribas Marina Gabriela Reif á Marlene Castanheira Gonçalves Martha Toledo Mauro Zanatta Melina Teixeira Mulazani. 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