29 de setembro de 2010

A "cultura "da Rosa

Ontem no debate da intertv podemos conhecer a postura de Rosalba sobre a cultura potiguar,perguntada sobre a Lei Telma de Souza, que criou o fundo municipal de cultura da cidade de Mossoró e que ela própria passou oito anos na gestão do município e não fez a regulamentação, a senadora do DEM tergiversou e não respondeu a pergunta do candidato Iberê, não poderíamos esperar muito, pois a senadora em uma rara intervenção no plenário do senado afirmou " O vale cultura é oportunismo para que o povo possa ir ao filme do Lula" para ela cultura são apenas os eventos , como o cidade junina em Mossoró, onde se gasta milhões com cachês nacionais de qualidade cultural duvidosa e se paga uma miséria ao artista local, ou melhor se gasta mais com banheiros químicos do que com os artistas locais, uma pergunta para a Rosa, quem da nossa terra o Mossoró cidade junina revelou durante todos estes anos? Quantos milhões foram gastos por lá? Não seria melhor investir este dinheiro em pontos de cultura, por exemplo?

Outro grave absurdo da Rosa foi a sua falta de conhecimento com relação ao funcionamento das casas de cultura, uma agressão a centenas de artistas que desenvolvem diariamente em suas cidades atividades de todas as expressões artísticas, só este ano a FJA realizou mais de 200 atividades nas casas de cultura, e alem disso, a maioria das casas se transformaram em pontos de cultura geridos por artistas e grupos de cada município.Ela sabe o que são os pontos de cultura? Acho que não, pois se soubesse não teria permitido que sua assessoria jurídica entrasse na justiça questionando o convenio que gere o programa no estado entre Minc e FJA. Lamento profundamente que uma mulher que tenha a pretensão de governar o nosso estado tenha uma visão e uma postura tão atrasada . Triste da nossa cultura se o povo escolher uma governadora desta, ainda há tempo pra mudar!

Sobre Cultura no RN

Num estado em que no seu calendário cultural a principal festa é o Carnatal, dizer o que? Num estado onde as pessoas não valorizam o artista da terra, dizer o que? Num estado onde o principal órgão que lida com a cultura local, caso da Fundação José Augusto, promove um edital que contempla gravações de CDs de compositores nativos – Prêmio Núbia Lafayete – e que esse mesmo público que critica as ações da FJA não comparece ao Teatro Alberto Maranhão para prestigiar a produção local, dizer o que?

Sim, Senhores, música também é cultura e não só poesia. Como teatro também é cultura, e por reconhecer isto a Fundação José Augusto promove o Festival Agosto de Teatro, apesar de ninguém, absolutamente ninguém, reconhecer isso. Ninguém também fala nas Oficinas do Núcleo de Produção Digital, a edição de filmes do Nós na Tela, as atividades dos Pontos de Cultura. Ou por desconhecer ou por pura ignorância mesmo. Prefiro acreditar na primeira hipótese.

O Prêmio Literário Luís Carlos Guimarães não acabou como muitos pensam. Ocorre que a obra do ilustre poeta potiguar foi incorporado ao Programa de Editais e não foi realizado no ano passado devido a um corte orçamentário, reflexo da crise econômica que o mundo enfrentou em 2009, coisa que foge ao controle da atual gestão.

Quanto a Revista Preá, a publicação teve sua 23ª edição publicada este ano, e outra está em fase de finalização. Ressalte-se que apesar das críticas de alguns, a edição de junho/julho teve boa aceitação. A unanimidade é burra!

Mas não custa esclarecer que como estamos em período eleitoral a FJA foi impedida de distribuir uma nova edição – como todos sabem a publicação é gratuita -, ficando assim previsto uma data posterior a eleição a depender de recursos financeiros. Portanto, a Preá também não morreu.

Sobre a Cidade da Criança, ressalte-se que apesar de estar sob os cuidados da FJA, a obra é conduzida pela Secretaria Estadual de Infraestrutura, que é que está fazendo a reforma cujo projeto está orçado em mais de R$ 7 milhões. Querer culpar a FJA pelo atraso da obra é um tanto quanto absurdo.

Com relação as Casas de Cultura, primeiro se deveria conhecer as de Macaíba, Goianinha, Jardim do Seridó, Parelhas, Caicó, Lages que funcionam plenamente com aulas de dança, música, artesanato, teatro, e outras tantas atividades artísticas, para só depois criticar.

No mais, repito: Num estado em que os olhares da cultura só estão para eventos de massa, tipo Carnatal, Mossoró Cidade Junina e outros desse tipo, quando se faz algo pela cultura que valorize o artista da terra, ou não se é reconhecido ou se é ignorado.
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Fonte: http://blogdobarbosa.jor.br/

27 de setembro de 2010

As novas fórmulas de se comprar voto

O brasileiro sempre arruma um jeito de burlar a lei. Em eleição então, nem se fala. Agora vão usar o artifício das bandeiras. Ou seja, no dia da eleição vão contratar bandeirantes para “segurar” bandeiras. E sabe por quanto? R$ 50,00. Soube que em um município do Rio Grande do Norte que tem cerca de três mil habitantes, aproximadamente mil pessoas já foram contratadas para atuar como “bandeirante” no dia do pleito. Isso é um disfarce para a compra do voto. A Justiça Eleitoral tem que está atenta.

Essa prática nefasta tem que acabar. A compra de voto é ilegal e tanto a Justiça Eleitoral quanto a Polícia Federal têm que intensificar a fiscalização sobre esse abuso que depõe contra a democracia. Onde houver “bandeirante” não custa uma fiscalização mais rigorosa. Aliás, a informação que tenho é que não haverá bandeiras suficientes para tantos os “bandeirantes” que serão contratados.

A compra de voto faz parte da prática dos políticos fichas-sujas. E quem vende o seu voto por R$ 50,00 está colaborando para que esse tipo de político permaneça atuante. O voto tem que ser livre e para isso o cidadão não pode vendê-lo sob pena de estar contribuindo com uma situação ilegal. Portanto, é preciso exercer uma fiscalização rigorosa nestas eleições.

Vamos denunciar àqueles que querem manchar a democracia. O eleitor, enquanto cidadão, pode e deve denunciar esse tipo de prática ilícita. Não vamos ser coninventes com esta situação. Abaixo a compra de voto que agora está sendo usado sob o disfarce de segurar bandeiras no dia das eleições.
Fonte:http://blogdobarbosa.jor.br/

Dilma fala sobre a cultura

26 de setembro de 2010

A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma

O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta. Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. O artigo é de Leonardo Boff.

Leonardo Boff

Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso”pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais” onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida, me avaliza para fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem deste povo. Mais que informar e fornecer material para a discussão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido à mais alta autoridade do pais, ao Presidente Lula. Nele vêem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma) “a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e nãocontemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo, Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)”.

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles tem pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascendente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidene de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vem Lula e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e de “fazedores de cabeça” do povo. Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palabra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.

Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão soicial e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes.

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das má vontade deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.

(*) Teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.

23 de setembro de 2010

Programção do Cordão Encarnado - Sexta e sábado


Sexta - 24
Das 14 as 18h - Praça Gentil Ferreira - Alecrim
Sábado - Dia 25
Das 08 as 12h - Calçadão da Rua João Pessoa - Centro -

21 de setembro de 2010

O que diferencia o Jornal Nacional do horário político?

Publicado por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho

Pelos comentários que leio diariamente aqui, os leitores estão cada vez mais indignados com o comportamento da grande imprensa brasileira na cobertura da campanha eleitoral de 2010. Um exemplo que resume a bronca da maioria é a mensagem enviada às 14h06 desta quinta-feira pelo leitor Eduardo Bonfim, pedindo que eu me manifeste sobre o assunto:

“Prezado Ricardo Kotscho, Sou fã do seu blog. Gostaria que você escrevesse um artigo sobre a propaganda que a Rede Globo vem fazendo no Jornal Nacional ("JN no Ar") todos os dias, onde claramente só mostra a parte ruim do Brasil para que o povo vote no 45. Realmente, o casal do JN é 45. Isso é liberdade de imprensa?”

Sim, meu caro Eduardo, esta é a liberdade de imprensa que os oligopólios de mídia defendem. Ninguém pode contestá-los. Trata-se de um direito absoluto, sem limites. O citado "JN no Ar", por exemplo, levanta todo dia a bola dos problemas das cidades brasileiras, onde falta de tudo e nada funciona. No mínimo, tem lugar onde falta homem e tem lugar onde falta mulher… Logo em seguida, entra o programa do candidato José Serra para apresentar as soluções.

Na outra metade do programa tucano, em tabelinha com os principais veículos de comunicação do país, são apresentadas as manchetes dos jornais e revistas com denúncias contra a candidata Dilma Rousseff, o governo Lula e o PT, numa sucessão de escândalos sem fim até o dia de disparar a tal “bala de prata”.

Já não dá mais para saber onde acaba o telejornal e onde começa o horário político eleitoral, o que é fato e o que é ilação, o que é notícia e o que é propaganda. A estratégia não chega a ser original. Mas, desde o segundo turno entre Collor e Lula, em 1989, eu não via uma cobertura tão descarada, um engajamento tão ostensivo da imprensa a favor de um candidato e contra o outro.

O esquema é sempre o mesmo: no sábado, a revista Veja lança uma nova denúncia, que repercute no JN de sábado e nos jornalões de domingo, avançando pelos dias seguintes. A partir daí, começa uma gincana para ver quem acrescenta novos ingredientes ao escândalo, não importa que os denunciantes tenham acabado de sair da cadeia ou fujam do país em seguida. Vale tudo.

Como apenas 1,5 milhão de brasileiros lê jornal diariamente, num universo de 135 milhões de eleitores, ou seja, o que é quase nada, e a maioria destes leitores já tem posição política firmada e candidato escolhido, reproduzir as manchetes e o noticiário dos impressos na televisão, seja no telejornal de maior audiência ou no horário de propaganda eleitoral, é fundamental para atingir o objetivo comum: levar o candidato da oposição ao segundo turno, como aconteceu em 2006.

À medida que o tempo passa e nada se altera nas pesquisas, que indicam a vitória de Dilma no primeiro turno, o desespero e a radicalização aumentam. Engana-se, porém, quem pensar que o eleitorado não está sacando tudo. Basta ler os comentários publicados nos diferentes espaços da internet – este novo meio que a população vem utilizando mais a cada dia, para deixar de ser um agente passivo no mundo da informação e poder formar a sua própria opinião.

Em tempo: não tem jeito. Quanto mais denunciam, atacam, escandalizam, mais aumenta a diferença de Dilma para Serra. No novo Ibope divulgado esta noite pelo Jornal Nacional, o abismo entre os dois candidatos abriu de 24 para 26 pontos (51 a 25). O casal JN estava todo vestido de preto. A estratégia kamikase só está fazendo o candidato da oposição cair mais ainda nas pesquisas. Como vai ficar a credibilidade da imprensa depois das eleições?

20 de setembro de 2010

SESC - RN realiza oficina gratuita de dramaturgia ministrada por especialista em teatro

Entre os dias 24 e 26 deste mês, o Sesc/RN estará promovendo o projeto Dramaturgia: Leituras em Cena. A ação proporcionará a realização de uma oficina de análise de texto dramático e técnicas de leitura encenada, a partir da obra “O Beijo no Asfalto”, de Nelson Rodrigues.

O objetivo da atividade é ir além da leitura superficial ou “impostada”, sem lançar mão de recursos cênicos que acabem por ofuscar aquele que é o objeto e protagonista da ação, no caso, o texto teatral.

O público alvo será preferencialmente constituído por artistas de teatro, professores, formadores de opinião e estudantes com interesse dirigido para as artes cênicas. A oficina é gratuita e será ministrada pelo professor Vitor Lemos (RJ), na Sala de Seminários do Sesc Centro, localizado na Rua Tomaz de Araújo, s/n. Cidade Alta, das 14hs às 18hs. Serão oferecidas 24 vagas e as inscrições podem ser feitas no setor de cultura do Sesc pelo telefone 3211-5577.

Vítor Lemos

Ator, diretor e professor, bacharel em Comunicação Social pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso - FACHA e mestre em Teatro pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO (2000). Em 2002 participou de uma residência sobre o Método de Stanislavski na Academia Russa de Arte Teatral - GITIS, em Moscou.

É coordenador do curso de teatro da universidade desde 2002, onde leciona interpretação teatral desde 1995. Foi professor substituto do Instituto de Artes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ (2003) e do Departamento de Interpretação Teatral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO (2009-2010). Os últimos trabalhos como diretor foram: Ato nº 1, livremente inspirada na ópera A Ascenção e Queda da Cidade de Mahagonny, e B. Brecht (Espaço Cultural Sérgio Porto/2006); Ato nº2 livremente inspirada na peça Vida de Galileu de B. Brecht (Espaço Cultural Sérgio Porto/2006); A Arte de ter razão, de Manoel Prazeres (Casa da Gávea/2007 e Teatro Café Pequeno/2009); As Moças, de Isabel Câmara (Ibam Cultural/2009). Como ator trabalhou recentemente em Mira – Enquanto nossos olhos se perdem, de Oscar Saraiva (ESPAÇO SESC/2010).

Valeu Janaina Medeiros



Nossa homenagem a uma companheira de luta pela arte e pela cultura potiguar.

18 de setembro de 2010

A entrevista de Lula

Enviado por luisnassif, sex, 17/09/2010 - 21:08

Não vou permitir que façam sacanagens com a Dilma, diz Lula - Entrevista - iG


Não vou permitir que façam sacanagens com a Dilma, diz Lula
Lula afirma que como ex-presidente vai evitar que Dilma sofra o que ele sofreu, se ela for eleita; leia entrevista exclusiva ao iG

Eduardo Oinegue, Luciano Suassuna e Tales Faria | 17/09/2010 11:42

No gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dois umidificadores de ar atenuam a aridez da seca que atinge seu auge neste mês de setembro, em Brasília. Os termômetros da campanha eleitoral também indicam um tempo inclemente, como atestavam as manchetes de quinta-feira. Mas a duas semanas da primeira eleição presidencial em que seu nome não constará da urna eletrônica, Lula é o dono do ambiente num Palácio do Planalto que acabou de ser reformado como se fosse novo. E, olhando pelas janelas envidraçadas de onde se avista um pedaço da Praça dos Três Poderes, o seu humor anda bem distante do que se passa lá fora – nem árido como o clima brasiliense, nem áspero como a campanha eleitoral.
O presidente respira popularidade de até 80% de aprovação, segundo as últimas sondagens, e é daquele canto no terceiro andar do Planalto que ele se levanta para dar, com exclusividade ao iG, a mais reveladora entrevista sobre um tema que até hoje parecia uma incógnita: afinal, como será o Brasil do pós-Lula? Qual destino se reserva o presidente mais popular da redemocratização?

Ao longo de 60 minutos, Lula falou sobre os temas que você pode conferir nesse quadro abaixo. Clique no assunto desejado e veja a entrevista do presidente.



No renovado gabinete presidencial, Lula abre a porta que dá acesso à sala de reuniões e entra falante. Cumprimenta todo mundo, acena para um assessor no fundo da sala, senta à cabeceira e cobra a lentidão na troca dos antigos microfones da grande mesa retangular.

"Oito anos de Fernando Henrique, mais oito do meu governo e o Planalto não consegue ter um microfone que tenha um botão para ligar e desligar", queixa-se. "Esse problema já foi resolvido, presidente", responde o assessor, apertando o botão de luz verde do novo aparelho.

Lula cobra então equipamentos que ele acreditava serem mais modernos, à semelhança do que viu no gabinete do governador do Rio, Sérgio Cabral. Reclama do enorme monitor discretamente escondido no vão da mesa e pede uma telinha embutida, como na mesa do governador do Rio.

Sempre que fala, o presidente mantém o contato visual com o interlocutor. Dos cinco políticos que passaram pelo cargo na redemocratização, ele é o que mais profundamente encara as pessoas. De José Sarney a Fernando Henrique Cardoso, também foi o que chegou à clássica entrevista de final de governo de forma mais brincalhona e extrovertida. É o que mais mantém assessores em volta, sinal de que a popularidade afasta a chamada solidão do poder, amplamente vivida por alguns de seus antecessores nos dias finais dos governos. Talvez por isso tenha sido explícito: “Quero ser lembrado”, disse o presidente ao iG.

Leia os principais trechos da entrevista concedida por Lula ao iG

José Serra e pesquisas

Lula afirma que Serra vive hoje as mesmas dificuldades vividas por ele próprio na eleição de 1994. "É exatamente o que aconteceu comigo. Eu lembro o que era dificuldade em fazer discurso em 1994. Sabe, o Real bombando e eu tentando me esgoelar contra o Real. Eu fiquei muito tempo com a imagem de uma propaganda de um pãozinho que aparecia caído num prato assim, que o preço era nove centavos. Era mortal aquela propaganda. É muito difícil você fazer oposição."

Dilma Rousseff

O presidente diz que Dilma possui "inteligência acima da média" e elogia a capacidade da presidenciável petista de captar as informações. Rebate os críticos de sua candidata e reforça: "Eu estarei de prontidão para não permitir que não tentem fazer com ela todas as sacanagens que tentaram fazer comigo".

Saída do governo

Lula conta que, ao longo de seus oito anos de mandato, nunca foi jantar em um restaurante e só conseguiu comparecer a um único casamento, de um sobrinho. E diz querer ser lembrado não só pelas realizações. "Eu quero ser lembrado pelas coisas boas que eu fiz. E quero ser lembrado pelas coisas que eu não fiz. Eu quero, eu vou continuar sendo um político"

Planos para depois da Presidência

Em tom de brincadeira, o presidente lembra que, depois de deixar o governo, não terá mais auxiliares para "xingar". Por isso, afirma, não quer tomar decisões precipitadas sobre que fará depois de deixar o Planalto. "Eu quero primeiro saber aonde é que vai doer. Eu quero voltar a ver jogo do Corinthians no Pacaembu, de preferência junto com a Gaviões ali, com a camisa do Corinthians. Sabe, então eu quero voltar a ser um cidadão normal."

Piores momentos vividos no governo

O presidente reconhece que a crise do mensalão foi o momento mais difícil de seu governo, do ponto de vista político. "Eu quero estar vivo para ver o desfecho de tudo isso. Porque tem coisa um pouco esquisita que eu não consigo entender", afirmou

Humor de presidente

Lula diz que hoje seu humor está bem melhor do que antes da Presidência. "Eu só tenho motivo pra ter alegria. Todo santo dia, agradeço a Deus pela generosidade que Ele teve comigo. Sou uma pessoa hoje muito, muito, muito feliz"

Relação com o Congresso

Presidente relembra derrotas no Legislativo, como a derrubada da CPMF. "Foi uma votação muito mais por ódio, muito mais na perspectiva de me prejudicar e quem foi prejudicado foi o povo pobre deste País", disse. Se Dilma ganhar a eleição, segundo ele, uma das vantagens é que ela terá um Senado "mais arejado"

Relação com empresários

Ao falar de sua relação com o setor corporativo, presidente reforçou a declaração repetida em diversas ocasiões ao longo de seu governo. "Os empresários nunca ganharam tanto dinheiro como ganharam no meu governo, nunca ganharam tanto dinheiro."

Revolução da internet

Lula voltou a falar sobre sua relação com os meios de comunicação. "Se dependesse de algumas capas de jornais, eu nessas alturas do campeonato teria zero nas pesquisas", ironizou, ao comentar a mudança do mercado de comunicação. "Eu compreendo a dificuldade de se fazer uma revista semanal. Antigamente você tinha um jornal que superava ela todo dia, a televisão e o rádio todo dia. Mas agora você tem a internet que supera a todo minuto."

Realizações do governo

Sobre a impressão que espera deixar quando sair do Palácio do Planalto, o presidente arrisca: "Tem muitas imagens para as pessoas lembrarem do governo Lula. Acho que cada um vai ter uma. É como se fosse uma fotografia pessoal".

Popularidade e populismo

"Lula atribui sua popularidade ao fato de ser "verdadeiro" com o povo brasileiro. "Primeiro, o populista não tem uma relação como a que eu tenho com o povo. O populismo é um ato de fazer política, de propostas, de cima para baixo, sem nenhuma relação orgânica como eu tenho com a sociedade"

Cuidados com discursos

Nem sempre, conta Lula, a percepção que um político tem de seus próprios discursos é a mesma que a sociedade tem. "Muitas vezes a gente pensa que um discurso nosso abafou. Sabe aquele negócio eu me amo. Você faz um discurso e você fala “a, foi”. Tem gente que fala assim: “eu arrasei”. Aí quando você coloca aquele discurso numa qualitativa, às vezes de dez pessoas que estão no grupo, nove não gostaram do discurso."

Duração do mandato

Lula aponta que a duração do mandato não condiz com as realizações que um governante deseja. "Às vezes, o mandato é muito pequeno, de quatro anos, de cinco anos. E hoje, no caso do Brasil, por exemplo, com mandato de quatro anos, nenhum presidente da República consegue fazer uma obra estruturante"

17 de setembro de 2010

Projeto Nós na Tela: Sobre o Projeto Nós na Tela

Projeto Nós na Tela: Sobre o Projeto Nós na Tela: "O Projeto “Nós na Tela” teve sua gênese pautada na necessidade da Fundação José Augusto levar às cidades do interior do RN, ações de forma..."

O jogo das 7 farsas

A onda de baixarias, que visa forçar a ida de José Serra ao segundo turno, tende a crescer nos últimos dias da campanha. Os boatos que circulam nas redações e nos bastidores das campanhas são preocupantes e indicam que o jogo sujo vai ganhar ainda mais peso. O que chama a atenção são as denúncias farsantes que a grande imprensa cria nos laboratórios das redações, o que pode-se constatar claramente “o jogo das 7 farsas”. Senão vejamos:

Num primeiro momento, antes mesmo de Dilma Ruosseff (PT) oficializar sua campanha à Presidência da República, a Folha publicou uma reportagem sobre a participação da candidata na guerrilha ontra a ditadura militar, é bom salientar. O jornalão paulista chegou a publicar uma falsa ficha do Dops (Departamento de Ordem Política e Social), que atuava a serviço dos governos militares. A ficha publicada pelo jornalão para ilustrar a matéria era grotesca, e Dilma desmentiu a farsa com o jornal dando pouco destaque ao desmentido. Essa a farsa número 1.

Depois, já com as campanhas à Presidência da República postas, o vice de Serra, o Índio “Tonto” declarou que o PT tinha ligações com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Uma mentira cabeluda que veio a ser desmentida também. Essa a farsa de número 2.

Ainda o mesmo Índio “Tonto” depois da “estória” – isso mesmo, história com E, tal a mentira – inventou que os petistas tinham ligações com o Comando Vermelho, organização criminosa com atuação no Rio de Janeiro, cidade natal do Índio “Tonto”. Essa a terceira farsa, e da mesma forma desmentida. Como o Índio “Tonto” estava abusando das asneiras os tucanos decidiram calá-lo.

Depois veio a “estória” da quebra dos sigilos fiscal da filha de Serra. O sigilo fiscal de Verônica Serra foi quebrado em setembro de 2009, no auge da disputa Serra e Aécio para ver quem seria o candidato do PSDB à Presidência da República, conforme revelou a revista Forum. O jornal Estado de Minas estaria, neste período, preparando material jornalístico contra o então governador de São Paulo. Desmontada então a quarta farsa, que aliás a própria Folha, em sua edição de ontem, afirmava que apesar do intenso noticiário das últimas semanas sobre a quebra dos sigilos fiscais de tucanos, a corrida presidencial entrou em fase de alta estabilidade nas taxas de intenção de voto dos principais candidatos. Dilma Rousseff (PT) venceria a disputa no primeiro turno se a eleição fosse hoje. Segundo pesquisa Datafolha nos dias 13 a 15 deste mês com 11.784 entrevistas em todo o país, a petista tem 51%. Oscilou um ponto porcentual para cima em relação ao levantamento anterior, dos dias 8 e 9. Quer dizer, ninguém acreditou nessa farsa.

Conduzida pela velha mídia, que nos últimos anos se transformou em autêntico partido político conservador, essa ofensiva antidemocrática “denunciou” que um suposto empréstimo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) no valor de R$ 2,25 bilhões para a instalação de uma central de energia solar teria sido liberado por influência do filho da ex-ministra-chefe da Casa Civil Erenice Guerra, exonerada do cargo. Em nota publicada ontem, o banco informou que o pedido de empréstimo foi negado por um comitê colegiado da instituição. Essa a quinta farsa.

Depois a Folha “revelou” que o empresário Rubnei Quícoli disse que rejeitou proposta da Capital Consultoria para fazer lobby em favor do projeto no BNDES. A consultoria está em nome de um dos filhos da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra. A firma foi usada também por Israel Guerra, outro filho da ex-ministra. O jornalão esqueceu de dizer, no etanto, que o consultor Rubens Quícoli, que acusou o filho da ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra de cobrar propina para facilitar a obtenção de um empréstimo do BNDES, é um “agente independente”, segundo a empresa EDRB. A empresa paulista, que atua na área de energia solar, seria a interessada em conseguir o financiamento, segundo o consultor afirmou nesta quinta-feira (16) ao jornal Folha de S.Paulo. Aliás, o currículo do Sr. Quícoli não é nada apreciável. Ele é condenado a três anos de reclusão por uso de dinheiro falso e mais um ano por receptação – sanções trocadas por penas restritivas de direito, segundo acórdão do Tribunal Regional Federal. Eís aí a sexta farsa.

Agora surge a informação de que em 2 de janeiro, dois meses após ser recebido na Casa Civil, sem uma resposta positiva, Quícoli avisa a Vinícius de Oliveira Castro, então assessor de Erenice Guerra na Casa Civil e aos donos da empresa que tinha encontro marcado com jornalistas e “Serra”. Informa que adiou a reunião “para ver a postura que a Casa Civil irá tomar”. É o começo da intensa pressão exercida por e-mail. Além de Vinícius, ele se comunica com Luiz Carlos Ourofino, que também participaria das negociações. Fecha-se, então, a sétima farsa.
Fonte: blogdobarbosa.jor.br

2010: a derrota da agenda neoliberal. No voto.

* Pedro Tierra

O século inquieto. O Brasil do século XX buscou definir para si um novo perfil. Deixou para trás o imobilismo do império escravocrata que predominou no século XIX. Tornou-se uma sociedade dinâmica. Injusta, mas dinâmica. Buscou despedir-se da chaga da escravidão e das heranças rurais oligárquicas, mas não venceu o coronelismo; proclamou a República, mas não a realizou culturalmente; buscou tornar-se um país urbano industrial, mas não escapou de permanecer uma economia agro-exportadora; buscou tornar-se contemporâneo do mundo, mas arrastou consigo os ossos de instituições e comportamentos herdados dos séculos anteriores; sonhou com a democracia, mas cresceu sob ditaduras; sonhou com a igualdade, mas produziu uma fratura exposta entre os ricos e os pobres; hoje adota o discurso da sustentabilidade socioambiental, mas ainda cresce depredando os recursos naturais.

Nosso povo reencontrou o caminho do desenvolvimento, depois de duas décadas de estagnação, quando derrotou a perspectiva neoliberal nas eleições de 2002 e elegeu, depois de quatro tentativas, o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República. Não é tarefa simples despedir-se da perspectiva de desmonte do estado que prevaleceu desde a posse de Collor até o final do governo FHC, com o breve intervalo, do governo Itamar. Em uma década estabeleceu-se uma sólida cadeia de interesses econômicos e políticos que moldou uma estratégia de desenvolvimento assentada no mercado – organizada a partir do capital financeiro – que traçou, para o país, um modelo de desenvolvimento em que o Brasil desempenhava um papel subalterno no contexto mundial, um papel de plataforma de exportação, a exemplo do que ocorrera com os tigres asiáticos na década anterior. Tais interesses se organizaram em torno dos partidos conservadores – PSDB e DEM – e dos meios de comunicação que gravitam em torno deles para se opor à nova perspectiva encarnada por Lula e que agora se projeta na candidatura Dilma.

Não é mais possível pensar o Brasil como um tigre asiático, como imaginaram os neoliberais. Economias como Coréia ou Singapura, por mais dinâmicas que sejam não podem servir de modelo para nós. A partir de 2006 essa agenda foi vencida. O Brasil é um gigante, em todos os sentidos, e como gigante dever ser pensado. Coube ao governo do Presidente Lula repor na agenda os desafios para o Brasil voltar a se pensar como nação, e não apenas como mercado. Ou como plataforma de exportação. Tais desafios exigiram novas formulações e a retomada daquilo que Celso Furtado, um dia, chamou de “A Construção Interrompida”. Retomar o desenvolvimento e, ao mesmo tempo, redefini-lo. Recuperar a experiência dos ciclos de desenvolvimento anteriores e superá-las criticamente: crescer, mas crescer com democracia; crescer, mas com inclusão social e combatendo as desigualdades regionais; crescer com base na consolidação de um mercado interno de massas; crescer, mas utilizando racionalmente os recursos naturais, atentos ao compromisso com as gerações futuras.

Oito anos passados, o governo do Presidente Lula, lançou os alicerces para mudar a face do Brasil. Hoje, avançamos as conquistas democráticas; recuperamos o papel do Estado como indutor do processo de desenvolvimento; combatemos a pobreza e incluímos vastos setores sociais ao mercado interno de bens e serviços; democratizamos o acesso aos fundos públicos para amplos setores da sociedade; e afirmamos com altivez e objetividade nossa soberania nas relações com outros países do mundo.

Vencida essa etapa, o futuro imediato nos desafia. O pensamento brasileiro ainda levará algum tempo para decifrar e definir esse fenômeno chamado nova classe média. Mas, para a esquerda, não há grande dificuldade em identificar que o processo conduzido pelo Presidente Lula nos últimos oito anos, que resultou na emergência econômica e social desses trinta e dois milhões de brasileiros, não foi acompanhada por um processo de disputa de valores culturais. Celso Furtado, ele mais uma vez, advertia que a evolução da economia nos dá conta do bem-estar material de uma nação, mas é a cultura que define sua qualidade. Dito de outro modo: não basta crescer, é indispensável incorporar novos valores ao desenvolvimento. Conferir a ele novas dimensões: a proteção e o estímulo a um patrimônio ímpar – nossa diversidade cultural – e incorporar a sustentabilidade socioambiental ao novo ciclo.

Para tanto é necessário definir claramente o papel do Estado como indutor do novo ciclo de desenvolvimento. Não apenas com políticas voltadas para os indispensáveis investimentos em infra-estrutura que garantam a oferta adequada de alimentos e energia para garantir o bem-estar de todos os brasileiros. Não apenas com o aprofundamento das políticas de inclusão social e combate às desigualdades regionais. Mas, também, como condição inseparável da nova qualidade do desenvolvimento, investir na universalização das políticas públicas de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação; nas políticas públicas de Cultura; e à democratização dos meios de comunicação, sem a qual não há política publica de cultura que seja conseqüente.

A perspectiva que se desenha com a vitória de Dilma Rousseff sobre José Serra e seus aliados é que seguiremos aprofundando as conquistas democráticas e populares do governo Lula. Independentemente da vontade desta ou daquela corrente ideológica, nessa nova etapa se montará o cenário da disputa em torno em torno dos valores culturais. De um lado, valores assentados no elitismo, no preconceito, no individualismo, no consumismo estimulado e disseminado pelos meios de comunicação, de outro, valores tão antigos e tão presentes na história humana. Valores permanentes. Contemporâneos: os valores da cidadania portadora de direitos, os valores da proteção social aos mais frágeis, os valores da solidariedade, da tolerância cultural com as diferenças e com os diferentes, da utilização racional dos recursos naturais, os valores da soberania e da paz.

Mas, tais valores, não serão tratados abstratamente, nessa disputa. Serão materializados em políticas públicas. Dito de outro modo, vão demandar reformas no estado brasileiro que permitam acesso aos fundos públicos por amplos e novos setores sociais. Os orçamentos públicos, no Brasil, foram historicamente mantidos sob monopólio pelos segmentos mais ricos da população. Esse monopólio se rompeu com o governo do Presidente Lula. Trata-se agora de construir, consolidar e institucionalizar critérios republicanos de gestão e romper definitivamente com a cultura oligárquica que herdamos. Na sua forma tradicional (DEM) ou na sua forma pretensamente “moderna” (PSDB). Os claros sinais de desespero da direita nessas últimas semanas de campanha eleitoral significam basicamente que se encerra um ciclo no longo e penoso processo da transição democrática da sociedade brasileira. A ditadura foi derrotada pelo povo nas ruas. A agenda neoliberal está sendo vencida no voto.

Pedro Tierra (Hamilton Pereira) é membro do Conselho Curador da Fundação Perseu Abramo.

16 de setembro de 2010

O voto é um direito ou dever?

A cada tanto tempo, cansada de ser derrotada pelo voto popular,
a elite retoma a tese contra o voto obrigatório. Se todo mundo vota,
aumentam sempre as possibilidades dela ser derrotada. O candidato
tucano retoma a tese. Nós republicamos um artigo sobre o tema.

VOTO: DIREITO OU DEVER?

A cada tanto tempo, o tema reaparece: como o voto, de um direito se transformou em um dever? Reaparecem as vozes favoráveis ao voto facultativo.

A revista inglesa The Economist chegou, em artigo recente, a atribuir à obrigatoriedade do voto, as desgraças do liberalismo. Partindo do supostos – equivocado – de que os dois principais candidatos à presidência do Brasil seriam estatistas e antiliberais, a revista diz que ao ser obrigado a votar, o povo vota a favor de mais Estado, porque é quem lhe garante direitos.

Para tomar logo um caso concreto de referência, nos Estados Unidos as eleições se realizam na primeira terça-feira de novembro, dia de trabalho – dia “útil”, se costuma dizer, como se o lazer, o descanso, foram inúteis, denominação dada pelos empregadores, está claro -, sem que sequer exista licença para ira votar, dado que o voto é facultativo. O resultado é que votam os de sempre, que costumam dar maioria aos republicanos, aos grupos mais informados, mais organizados, elegendo-se o presidente do pais que mais tem influência no mundo, por uma minoria de norteamericanos. Costumam não votar, justamente os que mais precisam lutar por seus direitos, os mais marginalizados: os negros, os de origem latinoamericana, os idosos, os pobres, facilitando o caráter elitista do sistema político norteamericano e do poder nos EUA.

O voto obrigatório faz com que, pelo menos uma vez a cada dois anos, todos sejam obrigados a interessar-se pelos destinos do país, do estado, da cidade, e sejam convocados a participar da decisão sobre quem deve dirigir a sociedade e com que orientação. Isso é odiado pelas elites tradicionais, acostumadas a se apropriar do poder de forma monopolista, a quem o voto popular “incomoda”, os obriga a ser referendados pelo povo, a quem nunca tomam como referência ao longo de todos os seus mandatos.

Desesperados por serem sempre derrotados por Getúlio, que era depositário da grande maioria do voto popular, a direita da época – a UDN – chegou a propugnar o voto qualitativo, com o argumento de que o voto de um médico ou em engenheiro – na época, sinônimos da classe média branca do centro-sul do país – tivesse uma ponderação maior do que o voto de um operário – referência de alguém do povo na época.

O voto obrigatório é uma garantia da participação popular mínima no sistema político brasileiro, para se contrapor aos mecanismos elitistas das outras instâncias do poder no Brasil.

Postado por Emir Sader

Esta charge diz tudo

15 de setembro de 2010

Cadê o escândalo que estava aqui?

Cadê o escândalo que estava aqui?
Enviado por luisnassif, qua, 15/09/2010 - 08:48

Como funciona o esquema de subjornalismo de criação de escândalos?

Solta-se a primeira matéria, com um suposto escândalo graúdo. No caso atual, a tal reportagem da Veja informando que Erenice Guerra recebeu propinas no valor de R$ 5,8 milhões; que tinha reuniões em sua casa com o lobista, nas quais eram proibidos equipamentos que pudessem conter gravadores; que disse que o dinheiro era para financiar atividades políticas do Planalto. Só isso. Fosse verdade, não apenas Erenice mas a República teria caído.

Uma marotagem visando eximir o lobista de apresentar provas - a história de que não podia ir a reuniões com Erenice nem com canetas - é apresentada por insigines jornalistas como prova de que os fatos ocorreram. A denúncia se resume a provas declaratórias - se é que houve - de um lobista que mentia até sobre seu cargo na empresa que assessorava.

Em cima desse fato, começam repercussões de qualquer tipo, mesmo que nada tenham a ver com a denúncia principal. Cada denúncia, por mais besta que seja, é acompanhada de um pró-memória de que fulano foi acusado de cobrar propinas. Não se tem um dado objetivo sequer corroborando a acusação-mãe, mas ela é repetida como se fosse verdade sacramentada.

Tome-se a Folha de hoje. A denúncia original - dos R$ 5,8 milhões destinados a abastecer o esquema palaciano - sumiu completamente.do noticiário. Os ecos, não.

Matéria de primeira página sobre desvios da Universidade Nacional de Brasilia, envolvendo o irmão da Erenice. A chamada informa que o "pagamentos suspeitos incluem ao menos R$ 134 mil para o próprio Euricélio e para Israel Guerra, filho de Erenice". Internamente, a informação completa de que Israel recebeu três pagamentos de... R$ 5 mil.

No Estadão, o repórter Leandro Colon - um campeão! - informa que o email enviado por Israel Guerra à revista Veja "passou pelo crivo do Palácio". Antes de enviar à Veja, Israel passou a mensagem para Vinicius Castro, que fazia bicos com ele, era assessor no Palácio e foi exonerado a pedido. Na matéria de Leandro, assessor de terceira linha que recebeu o email representa "o crivo do Palácio".

Lembra muito malandragens jornalísticas dos anos 70. Os jornalistas mais influentes tinham acesso a Golbery do Couto e Silva; os que não dispunham de fontes nobres, ao sargento Quinsan - ajudante de ordens no Palácio. Conversavam com Quinsan e atribuíam as declarações a "fontes do Palácio". Valia para Quinsan, mas valia para Giolbery. O Estadão - que se orgulha de ter na direção de jornalismo figuras ilustres ligadas à Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), permite que um email para um terceiro escalão seja tratado como tendo passado "pelo crivo do Palácio".

Conclui o bravo Leandro: "Os dois são apontados como mentores de um esquema de lobby e cobrança de propinas de empresas que tentam fechar contratos com órgãos públicos ligados ao governo federal". Cadê a Abraji? Cadê o jornalismo?

O Planalto constata que não há nenhuma evidência de que Erenice tenha praticado lobby. Merval Pereira, na rádio CBN, diz que "para evitar constrangimentos para a candidatura Dilma" o Palácio não irá demitir Erenice. Mas traz a relevante informação de que fontes do Palácio admitem que se aparecerem outras acusações, Erenice será demitida... para proteger a candidatura Dilma. Uma informação tão relevante quanto dizer que se eu descobrir que Merval matou alguém, ele será denunciado. Aí se enrola todo no comentário para explicar aos atentos ouvintes porque a Erenice não será demitida para preservar a candidatura Dilma; e será demitida se aparecerem mais coisas para preservar a candidatura Dilma. Um trololó dos diabos.

Ai a brava equipe da rádio CBN em Brasilia ouve o deputado federal Paulinho Bornhausen que diz que a denúncia se refere ao maior esquema de corrupção já descoberto em Brasília. Só isso.

Tudo isso se dá ao mesmo tempo em que a revista Carta Capital revela que, no auge do boom da Internet, Verônica Serra, filha de Serra, em sociedade com Verônica Dantas, irmã de Daniel Dantas, montou um site em Miami que prometia informações bancárias sobre TODOS os brasileiros, acesso a bancos de dados de comércio exterior e outros bancos de dados do Estado brasileiro Informa também que o site conseguiu montar um convênio com o Banco Central que lhe repassou todas as informações, inclusive de quem emitia cheques sem fundo - que foram vazadas depois.

Ora, quem acompanhava o boom da Internet sabe que, na época, a mera autorização do BC para que o site acessasse seus dados - algo inédito no mundo - teria feito seu preço valer dezenas de milhões de dólares. A jogada não foi adiante porque a bolha da Internet estourou. Verônica conseguiu essa parceria com o Banco Central no tempo em que seu pai era Ministro da Saúde do governo. E no mesmo ano em que ela transferiu lucros do exterior para o Brasil e comprou a casa que seus pais moravam desde os anos 80 (que diziam ser alugada) e doou ao pai. Todas essas informações (sobre a compra da casa) constam de nota oficial do próprio advogado de Serra, em 2002. Belo gesto de amor filial, mas que não pode ser visto independentemente da sua atividade no exterior.

No entanto, a primeira página da Folha é para os R$ 15 mil de Israel Guerra.

A farra de Rosalba com o nosso dinheiro



Fonte:http://noticias.uol.com.br/escandalos-congresso/ult7404u84.jhtm

12 de setembro de 2010

O RN e o atraso no Brasil

O RN e o atraso no Brasil
Estamos chegando a reta final de mais uma disputa eleitoral, disputa esta diferente de tudo que já tínhamos visto, é uma verdadeira suruba ideológica, um salves quem puder, um vale tudo, vale candidato que no exercício do seu mandato, como o senador Agripino, que chamava o bolsa família de “Bolsa miséria” agora elogiar o programa na maior cara de pau na TV, isso confunde o eleitor, como confunde também o fato de Garibaldi Alves, ter duas posições completamente diferentes, uma no palanque de Dilma outra no palanque do DEM potiguar. Fico aqui pesando, seremos o único estado do Brasil governado pelo DEM? O que levou a isso? O domínio dos meios de comunicação locais por parte da direita? A incompetência da esquerda em se aglutinar em um projeto para o estado? O conservadorismo do eleitorado potiguar? Talvez a soma de todas estas indagações juntas seja o diagnostico da possibilidade do nosso estado entrar na contra mão do avanço praticado no país. Aqui fico na torcida e na ação para que algo de novo ainda possa surgi e que meu estado, que tanto amo, não seja um exemplo de curral eleitoral da direita e do atraso, motivo de vergonha para todos nós!
Fábio Henrique Lima de Almeida

11 de setembro de 2010

Imprensa abre jogo e rasga a fantasia

Balaio do Kotscho - Balaio do Kotscho
09/09/2010 - 13:28
Imprensa abre jogo e rasga a fantasia

Vejam as manchetes desta quinta-feira, 9 de setembro de 2010, nos três principais jornais do país.

Folha de S. Paulo:

“Escândalo da Receita – Investigada consultou dados do genro de Serra”.

O Estado de S. Paulo:

“Genro de Serra teve sigilo fiscal violado”.

O Globo:

“Serra reage e diz que Lula serve à estratégia `caixa-preta´do PT”.

Parece uma gincana, não há outro assunto no mundo. É como se todos os jornais tivessem o mesmo pauteiro e o mesmo editor. Embora se refira a casos de violação fiscal ocorridos no ano passado, a notícia é requentada dia a dia com algum ”fato novo” que justifique a manutenção da rubrica “escândalo da receita”.

Até algumas semanas atrás, antes da disparada da candidata Dilma Roussef em todas as pesquisas, abrindo larga vantagem sobre José Serra, que chega a 33 pontos no último tracking do Vox Populi/Band/iG, a nossa velha mídia ainda procurava, de alguma forma, manter as aparências de neutralidade com aquela história de jornalismo “isento”, “apartidário”, “independente”.

Agora, que parece não ter mais jeito de virar o placar nas pesquisas com bom-mocismo, resolveram abrir o jogo e rasgar a fantasia, sem nenhum pudor. Das manchetes ao noticiário, passando pelos editoriais e colunas, a ordem é desconstruir a pessoa e a candidatura de Dilma, e bater sem piedade no governo Lula.

Aonde querem chegar? Quem eles ainda pensam que enganam? A julgar pela maioria dos comentários publicados neste Balaio, leitores e telespectadores já estão vacinados, sabem quem é quem e o que está em jogo.

Como os números das pesquisas não reagem às doses cavalares de fatos negativos, apesar de o país da mídia viver uma interminável crise do fim do mundo, só posso acreditar que se trata de uma estratégia Jim Jones. Bater em Dilma e no PT, tudo bem, estão todos de acordo. Só não descobriram ainda como alavancar a campanha da oposição. Promovem debates e sabatinas quase todo dia para dar uma fôrça, mas até agora não teve jeito.

Um forasteiro que tenha chegado ao Brasil esta semana, e procurasse saber pelos jornais e no Jornal Nacional da TV Globo o que está acontecendo por aqui, a 24 dias da eleição presidencial, poderia imaginar que desembarcou no país errado, em algum lugar estranho e perigoso, na região mais pobre e menos democrática do continente africano.

Sob o título “O país de Lula: esgoto em baixa, consumo em alta”, o jornal O Globo, que se supera a cada dia, pinça números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2009), divulgada esta semana pelo IBGE, para concluir na chamada de capa: “O desemprego subiu na crise, mas o brasileiro comprou mais DVDs e máquinas de lavar”.

Sem explicar como um país de desempregados investe em eletrodomésticos, o jornal esqueceu de dizer que os empregos perdidos na crise do ano passado já foram recuperados, com folga, em 2010 _ o que explica a teimosia das pesquisas em manter os índices de aprovação do governo Lula em torno de 80%.

Para publicar o título “O presidente Lula passou dos limites”, com direito a chamada na capa, o venerando Estadão, por sua vez, redescobriu o cientista político José Álvaro Moisés, tão conhecido que se viu obrigado a publicar uma nota “Quem é” para o leitor saber de quem se trata. Entre seus títulos acadêmicos e experiências em “teoria democrática e comportamento político”, porém, o jornal só omitiu o fato de que o professor e cientista Moisés foi sub-ministro da Cultura no governo Fernando Henrique Cardoso.

Já a Folha, que resolveu publicar um caderno especial de eleições a partir desta semana, entre tentativas de fazer humor político misturado com jornalismo sério, tem se dedicado a investigar o passado da ex-ministra Dilma Rousseff, desde os seus antepassados búlgaros, que ela nem conheceu. Até agora, estranhamente, não se interessou em fazer matérias sobre o passado dos outros candidatos, como se todo mundo tivesse a obrigação de já conhecer as histórias deles.

Critérios são critérios, eles dirão, ninguém tem nada com isso. A liberdade de imprensa deles, aquela que defendem com tanto fervor, está acima de tudo _ dos fatos, das leis, da isonomia e do direito da sociedade de ser informada com um mínimo de honestidade sobre o que está acontecendo.

8 de setembro de 2010

Entrevista Mario Prata

Fernanda Zauli // fernandazauli.rn@dabr.com.br



Mario Alberto Campos de Morais Prata. Mario Prata. Escritor, jornalista, mineiro, simpático, antipático, inteligente, sarcástico. Gentil, educado, escrachado. Quem não conhece Mario Prata? Ele esteve em Natal na semana passada participando do IV Seminário Potiguar Prazer em Ler e concedeu entrevista ao Diário de Natal. Era fim de tarde quando Mario recebeu a equipe na entrada do hotel. Falando devagar, criticou a imprensa brasileira, reconheceu que já escreveu fracassos e afirmou que para as crianças começarem a ler é preciso indicar livros apropriados para a idade delas.

Existe uma razão para se ler tão pouco no Brasil atualmente?

Eu tenho uma teoria a respeito disso: a minha geração dos anos 60 foi a última que morou em casa onde se lia. Nossos pais liam muito, eu tropeçava em livros, minha mãe lia muito, meus tios, todo mundo tinha livros. Hoje, as pessoas que estão com 15, 16, 17 anos não têm livros em casa, os pais não têm livros em casa, não é que não lêem, eles nem tem livros em casa, ninguém tem mais aquelas estantes. Quando eu era criança, no quarto da gente tinha estante. Isso foi sumindo. A minha teoria é que isso coincide com a unificação do vestibular, em 66 ou 67. Até então, cada curso tinha um vestibular. Quando unificou, há meio século, resolveram que o vestibular ia ser português, matemática, física, biologia e química. Então, há 50 anos o garoto precisava ler livros de biologia, química, física e Camões ou Eça de Queiroz, para entrar na faculdade, nivelou. Aquilo ali é para entrar na faculdade, ele é obrigado a ler aquilo ali tudo. Aí ele entra na faculdadee diz 'nunca mais leio'. E essa geração já está com 60 anos. Esses que não leram são pais desta geração que não lê agora, e na casa dele não tem livro.

O que precisa ser feito para as crianças lerem mais?

Indicar livros adequados, isso já é um começo. E não ter que ler e na outra semana fazer um resumo de trinta linhas. Eu estava vendo a relação de livros que estão sendo indicados para os garotos daqui de Natal e é genial. Tem só um Saramago no meio, só que eu vou mandar tirar, Saramago já é demais. Mas tem livros muito bons de autores como Ruth Rocha, Gabriel Rubem Alves, Marina Colasanti, Ziraldo, e por aí vai.

A leitura de best sellers internacionais é um problema para os escritores brasileiros?

O que é desesperador para nós, escritores, no momento são os vampiros. O brasileiro está lendo por modismo. Você deve se lembrar que quando saiu o livro "O Caçador de Pipas" houve um enxame de livros orientais, só tinha aquilo. O da Pipa era bom, mas só veio merda depois dele. Virou moda e isso durou uns dois, três anos. Você vai numa livraria hoje e só vê roxo, aquele roxão das capas dos livros de vampiro. É triste. A gente ficou de março até agora sem ter nenhum brasileiro entre os 10 mais vendidos, entrou agora o Paulo Coelho# que também é meio vampiro. Apesar de ser uma ótima pessoa, eu gosto muito dele como pessoa, mas é meio vampiro (risos).

E aquela história que todo mundo fala que não lê mais porque livro no Brasil é caro?

Quantas pessoas cabem no Machadão? 40 mil. Um América e ABC dá 40 mil pessoas lá. O ingresso custa R$ 40. Tem gente que vai quatro vezes por mês no futebol e não compra quatro livros por ano. O livro custa R$ 39,90, tem livro de R$ 30, de R$ 20. Então, é desculpa. Pouquíssimos livros no Brasil vendem 40 mil exemplares, e estádio todo domingo tem cinco ou seis lotados no Brasil. Então, essa desculpa não cola.

Sobre o fim da versão impressa do Jornal do Brasil, teria a ver com a internet?

Não tem nada a ver. A triste decadência do JB é uma coisa de mais de 20 anos, é de antes da internet.Não teve absolutamente nada a ver, nem de ter acelerado a coisa. Eu não tenho nenhum dado científico, mas o que eu sei é que o JB vinha aos trancos e barrancos há mais de 20 anos. Eu já trabalhei no Última Hora, que também fechou e é triste porque foram jornais importantes. É triste porque você fica sempre lembrando aquele clima da redação, que é muito forte, diferente das redações de hoje, que são muito frias. Os jornais naquela época eram feitos quase que exclusivamente por repórteres, que é uma coisa que não existe mais, não tem mais repórter no Brasil. Eu sempre digo que o último repórter que eu acho que tem no Brasil é o Caco Barcellos, é o cara que investiga, que consegue do jornal semanas, meses, anos para fazer uma matéria. Hoje em dia não se tem vontade, não tem mais aquela coisa do diretor de redação acreditar numa investigação.

Você coloca todos no balaio?

Coloco todo mundo no mesmo balaio. A imprensa brasileira está podre. Os grandes jornais, as coisas que são consideradas grande imprensa no Brasil como Folha de S. Paulo, Globo, Estadão, Jornal Nacional, Veja, para mim são piadas. Todos esses que eu citei tem ódio do Lula, é um ódio doentio, é uma coisa que me dá medo. Outro dia peguei o Estadão e tinha oito chamadas na capa falando mal do governo, algumas coisas que ocorreram há sete anos. Meu filho casou-se agora com uma repórter da editoria de política do Estadão, e o Serra ligou pra ela antes do casamento. "Julia, eu soube que você vai se casar, mas você não vai ter lua de mel, né? Você não pode ter lua de mel agora". Por aí você vê como Serra está dentro do jornal.

Nenhuma vontade de voltar a atuar como jornalista?

Eu gostaria de voltar a escrever crônica. Eu estou há cinco anos fora da imprensa. Como fiquei treze anos no Estadão escrevendo crônicas, sinto falta porque eu continuo escrevendo elas na cabeça, sem publicar. Mas tirando a Veja - que eu acho que é doente demais - qualquer um desses lugares que eu falei pra você, se me chamassem para trabalhar, eu iria.

De toda sua produção, há obras que você não gosta?

Claro. Não só tem coisas que eu não gosto, como já escrevi grandes fracassos. A vantagem no Brasil é que o fracasso não faz sucesso. Tem alguns livros que eu não gosto e muitas crônicas. Durante muitos anos escrevi três crônicas por semana que eram publicadas em veículos diferentes. Era uma loucura você fazer três por semana, quase impossível, então, escrevi muita merda# E se você perguntar para qualquer escritor honesto, ele vai dizer que sim, que tem coisas dele que não gosta. Tenho dois livros que não resultaram legal, aliás, os dois únicos livros que eu fiz por encomenda. Um se chama Cinco dedos de prosa. Não foi um fracasso de venda, mas minha opinião é de que não é bom. E o outro é O Diario de Um Mago II, que foi uma picaretagem.

Você carrega alguma culpa?

Há muito tempo já existiu culpa. Acho que em 72, 73, Chico Buarque e eu tivemos uma amizade diária e a gente estava tentando fazer um musical infantil, mas a gente só bebeu e ficou só no título. A gente estava lá na casa dele tomando uma caipirinha e os discos dele estavam tocando em todo lugar e vendendo nas lojas, dá uma culpa# mas já superei.

Mais fotos do comitê de cultura Cordão Encarnado

Lançamento do Cordão Encarnado no Guarapes - Natal