29 de março de 2011

MinC começa a saldar dívidas

CORREIO BRAZILIENSE - DF | DIVERSÃO E ARTE

28/03/2011



MinC começa a saldar dívidas

Pontos de CULTURA estão entre as prioridades do ministério. Vitor Ortiz afirma que não há estresse entre a POLÍTICA CULTURAL de Lula e a de Dilma

Tiago Pariz

Leonardo Santos



Sem conseguir se livrar de polêmicas neste início de governo, o MINISTÉRIO DA CULTURA (MINC) deixou a defensiva. A ordem é rever convênios e acelerar o processo para quitar dívidas e compromissos assumidos na época em que a pasta era comandada por Juca Ferreira. O secretário-executivo da CULTURA, Vitor Ortiz, insiste que a decisão demonstra que a ministra ANA DE HOLLANDA representa a continuidade e não o rompimento. Segundo ele, as críticas que se acumularam em menos de três meses de trabalho são frutos de ansiedades desnecessárias.



"Estamos afirmando que daremos continuidade a todas essas políticas, inclusive vamos cumprir compromissos que não foram honrados", afirmou o secretário-executivo em entrevista ao Correio. Segundo ele, o MINC vai retomar editais abertos no PROGRAMA Procultura que tiveram prazos postergados. "E colocar em dia o PROGRAMA CULTURA Viva, além das demais pendências que foram assumidas", emendou Ortiz. A pasta pretende quitar neste mês pagamentos de convênios aprovados, mas pendentes. Tem chamado esse movimento de "processo de regularização" do CULTURA Viva. Além disso, diz estar quitando dívidas com os pontos de CULTURA com estados e prefeituras. Estão sendo destinados a São Paulo, por exemplo, RS $ 3 milhões. A dívida deixada pela gestão anterior será saldada, segundo a pasta, até novembro.



O secretário-executivo afirmou que os desembolsos só saem para convênios regulares. Ele evitou detalhar qual tipo de reavaliação será feita nos compromissos assumidos pela pasta. "Pode haver a exigência de reavaliação de algum PROGRAMA, PROJETO ou convênio. Isso é natural, caso o convênio tenha algum tipo de questionamento", afirmou.



Discriminação



Antes mesmo de completar três meses à frente do cargo, ANA DE HOLLANDA acumula polêmicas. A última dela foi a permissão, graças à LEI ROUANET, dada a Maria Bethânia de captar R$ 1,3 milhão junto à iniciativa privada (por meio de renúncia fiscal, dinheiro que iria aos cofres públicos) para criar um blog. O ministério esquivou-se da polêmica dizendo que o PROJETO foi aprovado pela Comissão Nacional de INCENTIVO à CULTURA (Cnic). E disse que a decisão foi descentralizada - numa tentativa de tirar o foco da ministra - por um grupo de artistas, empresários e outros representantes da sociedade civil. "Esta aprovação, que seguiu estritamente a legislação, não garante, apenas autoriza a captação de recursos junto à sociedade. Os critérios da Cnic são técnicos e jurídicos; assim, rejeitar um proponente pelo fato de ser famoso, ou não, configuraria óbvia e insustentável discriminação", afirmou a pasta em nota.



Sobre a questão dos DIREITOS AUTORAIS, Ortiz limitou-se a dizer que a briga começou porque a classe musical é mais organizada que o resto das atividades artísticas do país. "O que houve foi uma precipitação de insegurança e de ansiedade e isso existe dos dois lados, principalmente dos que temem perder direitos, como compositores, autores e outros artistas, que vivem de DIREITO AUTORAL. A reformulação da lei está relacionada com a mudança de tecnologia, como internet", afirmou. O secretário-executivo disse ser favorável a uma mudança no Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) e à diminuição do repasse para os artistas para baratear o acesso a conteúdo na internet. "Entendemos que existe um debate sobre a questão do acesso que precisa ser melhor esclarecido no âmbito de uma nova lei de DIREITOS AUTORAIS para que se possa consensuar as partes. O ideal é buscar a flexibilização dos DIREITOS AUTORAIS para ampliar o acesso a conteúdos criativos na internet", afirmou Ortiz.

Prova de fogo

CORREIO BRAZILIENSE - DF
28/03/2011



Prova de fogo

Em meio a ataques em diversas frentes, ANA DE HOLLANDA se esforça para tocar uma agenda positiva no MINC

Nahima Maciel



A ministra ANA DE HOLLANDA completou 90 dias de MINISTÉRIO DA CULTURA (MINC) num cenário de crise e polêmicas pautadas por questões como DIREITOS AUTORAIS, convites seguidos de demissões, ataques por conta da LEI ROUANET e uma mudança nos rumos da POLÍTICA CULTURAL. Se Dilma Rousseff representa a continuidade de Lula, Ana está longe de manter a linha da gestão passada. Ainda que a turma do ex-presidente no MINC estivesse em sintonia com as ideias de governo para a POLÍTICA CULTURAL, a irmã de Chico Buarque já acenou que não seguirá o mesmo caminho.



ANA DE HOLLANDA não fala sobre casos específicos. Só responde sobre DIREITOS AUTORAIS quando pressionada em aparições durante eventos públicos e concorda em conceder entrevistas somente sobre temas que não estejam na pauta das polêmicas. O fato é que as opiniões sobre os primeiros três meses de governo ficaram polarizadas em grupos contra ou a favor. Para Antonio Grassi, presidente da FUNARTE, que teria sido um dos articuladores da indicação do nome de Ana para a CULTURA, as polêmicas não são nada diferentes do que aconteceu no início da gestão de Gilberto Gil, em 2002.



Grassi participou da concepção da POLÍTICA CULTURAL inserida no PROGRAMA das primeiras eleições de Lula e lembra de como a própria indicação de Gil foi alvo de polêmica. "Mas agora sinto que o processo está muito radicalizado, não sei se porque foi um processo eleitoral muito radicalizado ou se foi a própria mudança no MINC, onde havia movimentos para permanência do antigo ministro (Juca Ferreira). Acho importante que a pasta consiga ter uma visão acima dessas discussões, que consiga ter tranquilidade de maneira a não estar se misturando a essas discussões", defende. "Não existe crise, existe um clima de polêmica."



ANA DE HOLLANDA já recebeu chamada do Palácio do Planalto para se livrar da "agenda negativa". Também foi acusada de "autista" por Emir Sader, que foi convidado para assumir a FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA, mas foi desconvidado em seguida ao comentário. Para piorar, Ana soltou algumas declarações infelizes que acirraram as discussões, como as afirmativas de que não iria ler o anteprojeto da Lei de DIREITO AUTORAL, retirado da Casa Civil porque isso seria função dos técnicos e de que não gostava da LEI ROUANET. na internet", afirmou Ortiz.

Mudanças na Lei Rouanet beneficiariam o circo, diz coordenador da Funarte

Mudanças na Lei Rouanet beneficiariam o circo, diz coordenador da Funarte

Alex Rodrigues
Repórter Agência Brasil

Brasília – Em seu atual modelo, a Lei Rouanet raramente beneficia um circo itinerante ou grupo circense. A afirmação é do responsável pela Coordenação de Circo da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Marcos Teixeira, e reforça as atuais críticas feitas à lei de estímulo à produção artística criada em 1991.

Procurado pela Agência Brasil para comentar, por telefone, algumas das críticas e reivindicações feitas por artistas e representantes da classe circense, Teixeira defendeu que as mudanças na lei propostas pelo Ministério da Cultura, ao qual a Funarte é vinculada, mudaria a “lógica perversa” pela qual as empresas que decidem investir em cultura em troca de isenção de impostos priorizam os espetáculos ou iniciativas aprovadas pelo Ministério da Cultura que lhes dê maior retorno publicitário.

“O circo vive exclusivamente de sua bilheteria. Raramente ele consegue algum patrocínio e ele não se utiliza da Lei Rouanet. É necessário vender o almoço para comprar o jantar. Se não há espetáculo, não há dinheiro sequer para deixar uma cidade e seguir viagem”, declarou Teixeira, garantindo que a Funarte tem aumentado ano a ano os recursos destinados à produção, fortalecimento, capacitação e valorização das atividades circenses.

Teixeira mencionou, por exemplo, o auxílio aos circos que, em 2008, foram prejudicados pelas fortes chuvas que alagaram o estado de Santa Catarina. E as oficinas que desde 2009 já capacitaram mais de 350 profissionais de todo o país. Realizadas em uma capital de cada uma das cinco regiões brasileiras, as oficinas já abordaram aspectos como elaboração de projetos, planejamento estratégico, legislação, segurança, direção cênica, expressão corporal, figurino e iluminação.

Além disso, Teixeira garante que, desde 2007, a Funarte já distribuiu, por meio de editais públicos, mais de 150 lonas novas a circos de todo o país. E, para ele, os valores disponibilizados por meio de editais não são pequenos. Citando como exemplo o Prêmio Carequinha, um dos mais importantes do segmento, cada contemplado na categoria de circo itinerante de pequeno porte, com capacidade de até 600 pessoas, recebe R$ 25 mil. O médio, até mil lugares, R$ 40 mil. Mesmo valor entregue ao beneficiado na categoria grande porte, com capacidade para receber mais de mil pessoas.

“Isso é um estímulo, uma ajuda para que o circo possa comprar sua lona. Não significa que temos que pagar por ela. Precisamos levar em consideração quem nós de fato vamos beneficiar, pois a realidade é que a maioria dos circos brasileiros é de pequeno e médio porte”.

Quanto às críticas de que falta uma política nacional para o setor, Teixeira concorda em partes. Diz que as atividades de estímulo à cargo da Funarte beneficiam grupos de todo o país, mas reconheceu que não há leis federais que estabeleçam, por exemplo, a obrigatoriedade da realização de editais anuais ou que tratem da questão da aposentadoria. “Não há, por exemplo, uma lei que garanta a aplicação de recursos. Nem que trate da questão da aposentadoria, que é um problema sério. Mas isso extrapola o universo circense. Isso atinge as manifestações artísticas em geral”.

O coordenador também garantiu que embora caiba às prefeituras oferecer condições atraentes para os circos, a Funarte tem uma campanha nacional para sensibilizar os prefeitos para que eles resguardem terrenos adequados onde um circo possa se instalar. “Mostramos que o circo é uma atividade cultural. Muitos prefeitos acham que o circo chega a sua cidade para levar o dinheiro embora. Nosso papel é demonstrar que o circo é uma atividade cultural que traz benefícios à população, que tem o direito de recebê-la”.

Edição: Rivadavia Severo

27 de março de 2011

A ausência de Lula

A ausência de Lula
Mino Carta
25 de março de 2011 às 11:10h

Modesta dissertação sobre a enésima confirmação dos delírios da mídia

O ausente foi mais presente do que os presentes. A frase não é minha, é do professor Delfim Netto, e diz respeito às reações da mídia nativa à ausência de Lula no almoço oferecido pela presidenta Dilma a Barack Obama. Os jornalões mergulharam no assunto em colunas e reportagens por três dias a fio, entregues com sofreguidão à tarefa de aduzir o porquê daquela cadeira vazia sem receio de provar pela enésima vez sua vocação onírica.

Neste espaço, o sonho midiático foi meu tema da semana passada, mas os especialistas em miragens insistem em mostrar a que vêm, sem contar o complexo de inferioridade tão explicitamente exposto com a visita do presidente americano apresentada como um celebrity show. As emissoras globais ficaram no ar 24 horas para contar todos os passos de Obama ou mesmo para esperar que ele os desse. A certa altura vimos um perdigueiro da informação aguardar no Galeão, por mais de uma hora, a chegada do avião que levava o visitante de Brasília ao Rio, em proveito exclusivo de uma visita instrutiva dos telespectadores a um aeroporto às moscas.

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É o recalque do vira-lata, e esta definição também não é minha, já caiu da boca de Lula. Quanto à sua ausência no almoço de Brasília, li entre as versões que ele não apareceu para “não ofuscar” a anfitriã, a mostrar toda a sua pretensão, acompanhada pela dúvida de um colunista: “ao recusar o convite”, foi malandro ou zé mané? Textos de calibres diversos clamam contra “a descortesia”. Uma colunista do Estadão aventa a seguinte hipótese: o ex-presidente quis evitar o constrangimento “de ouvir sem compreender a conversa na mesa, da qual fazia parte Fernando Henrique Cardoso”. Ah, o príncipe dos sociólogos, este é um poliglota. E não falta quem convoque a inveja de Lula por Dilma, que recebe Obama em lugar dele, embora o tivesse convidado em 2008.

Segundo um colunista do Valor Econômico, o ex também foi descortês com Obama, que já o tratou tão bem. A Folha localizou “um amigo de Lula” disposto à revelação: ele está irritado “com os elogios excessivos da mídia a Dilma”. Uma colunista da Folha vislumbra na ausência de Lula a demonstração “do contraste de estilos” e até a torna mais evidente. Neste esforço concentrado no sentido de provocar algum desentendimento entre o ex e a atual, imbatível o editorial do Estadão de domingo 20, provavelmente escrito por um aluno de Maquiavel incapaz de entender a ironia do mestre.

Fala-se em “mudança de mentalidade que emana do Planalto”, “sobriedade em lugar de espalhafato”, “distanciamento das inevitáveis servidões” do ofício presidencial. Transparente demais a manobra. Não escapa, porém, ao ato falho, ao discordar da presidenta no que se refere à posição de Dilma quanto “ao atual surto inflacionário”, embora formulada a objeção com suave cautela, para aplaudir logo o propósito do governo de abrir os aeroportos à iniciativa privada em regime de concessão.

São teclas antigas de quem professa a religião do Deus Mercado e enxerga nas privatizações os caminhos da Graça. Os praticantes brasileiros dos jogos financeiros não estão sozinhos: de fato, para variar, trata-se de pontuais discípulos, ou imitadores. Os Estados Unidos ensinam, por lá os vilões do neoliberalismo, responsáveis pela crise mundial, continuam a postos para atiçar a doença. O exemplo seduz. Aí se origina a tentativa, levada adiante obviamente pela mídia, de derrubar o ministro Guido Mantega, representante da continuidade que a tigrada gostaria de ver interrompida de vez.

As consequências da aventura neoliberal, que deixaria o próprio Adam Smith em pânico, atingem inclusive o Brasil. No ano passado crescemos 7,5%, este ano a previsão fica bastante abaixo, entre 4% e 4,5%. Será um bom resultado no confronto com outros, mas dirá que ninguém está a salvo. CartaCapital confia na permanência de Mantega e na continuidade, ainda que, desde a posse, reconheça na presidenta a capacidade de imprimir à linha do governo características da sua personalidade.

É simplesmente tolo imaginar a ruptura almejada pela mídia, perfeita intérprete de um sentimento que sobe das entranhas de burgueses e burguesotes contra o metalúrgico nordestino eleito à Presidência duas vezes por larga maioria e destinado a passar à história como o melhor e mais amado desde a fundação da República. Pelo menos até hoje. Os senhores do Brazil zil zil ainda cultivam o ódio de classe. O mesmo Lula, que frequentemente mantém contatos com a sucessora, a qual, do seu lado, sabia previamente da ausência do antecessor ao almoço, observa: “Quando me elegi, me apresentaram como a continuidade de FHC, agora dizem que Dilma não dá continuidade ao meu governo”.

O ex-presidente tucano formula, aliás,- a sua hipótese sobre a ausência de Lula: inveja dele mesmo, FHC. Quem sabe o contrário se dê de fato quando, dentro de poucos dias, Lula receber o canudo honoris causa da Universidade de Coimbra.

Teste final: se Lula fosse ao almoço, que diria a mídia? Foi para: A. Não ficar atrás de FHC; B. Pronunciar um discurso de improviso em louvor a Chávez, Fidel e Ahmadinejad. C. Ofuscar Dilma.


Mino Carta

Mino Carta é diretor de redação de CartaCapital. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde. redacao@cartacapital.com.br

26 de março de 2011

Este é meu Pai, Ivan de Almeida, o COLEGUINHA

CURSO DO SENAC - PRODUTOR CULTURAL

CURSO DO SENAC - PRODUTOR CULTURAL



O participante elabora e executa projetos culturais, através do desenvolvimento e coordenação de eventos dessa natureza. Aplica leis de incentivo à cultura e editais, seguindo a estrutura de planejamento e as fases de pré-produção, produção e pós-produção.



MÓDULOS: Gestão Cultural. Produção Cultural. Elaboração de Projetos Culturais



FACILITADORES: Brunna Brok e Keila Sena



LOCAL: SENAC Alecrim



PERÍODO: 05/04/11 a 01/09/11 (CARGA HORÁRIA - 160h)



DIAS E HORÁRIOS: Terças e Quintas - 13H30 às 17h40



INVESTIMENTO: 1 + 7 de 98,00/ 1 x R$ 784,00/ Até 10 X no Visa ou 12 x no Master.



INFORMAÇÕES: 84 4005-1000 ou www.rn.senac.br

É preciso mudar o modelo

É preciso mudar o modelo

ALFREDO MANEVY

A autorização do Ministério da Cultura para Maria Bethânia captar recursos reacendeu discussão sobre o papel das verbas oficiais para a cultura. No varejo, o debate abriu espaço para teses do arco da velha, como a proposta de extinção do Ministério da Cultura ou o linchamento e culpabilização da artista.
Na verdade, Bethânia foi vítima da ilegitimidade da lei tal como ela se apresenta hoje. O debate foi positivo no fim: consolidou a percepção de que o sistema tem distorções e que, no lugar de crucificar uma artista fundamental, a modernização da legislação é o melhor caminho.
A renúncia fiscal é dinheiro público, aponta o Tribunal de Contas da União. Integrante do Orçamento, a previsão de renúncia é finita e contabilizada, embora de difícil controle e acompanhamento. Logo, é justo discutir os critérios de sua distribuição.
O papel do Estado no apoio à cultura é fundamental para a democracia e para o desenvolvimento econômico. A percepção precoce dessa importância está na raiz tanto da política cultural francesa como da organização do cinema americano como indústria.
Não se trata de argumento estatista: mesmo os países emblemas do liberalismo compreenderam que a política cultural é decisiva na globalização. Para o Brasil, a política cultural é central para diminuir a desigualdade, para a qualidade na educação, para a ampliação do acesso a leitura, museus e cinema.
Mas a legislação precisa ser renovada. No caso da Lei Rouanet, o MinC apresentou um diagnóstico: só 3% dos proponentes captam mais da metade de toda renúncia, contemplando poucos artistas.
A almejada parceria público-privado não ocorre: 95% do montante geral é oriundo de renúncia fiscal, e não se estabeleceu um genuíno empresariado cultural: ao contrário, aumentou a dependência. Do dinheiro público disponível para a cultura, a renúncia fiscal predomina, o que dificulta planejamento e metas de longo prazo.
Os números de exclusão de cinema e museus continuaram assombrosos, um quadro em que milhões de brasileiros estão apartados do consumo de bens culturais, segundo dados do IBGE.
Depois de anos de discussão com a sociedade brasileira, o projeto de lei nº 6.722/2010 (Procultura) foi enviado pelo governo Lula ao Congresso Nacional em janeiro de 2010. Lá tramita e já foi aprovado por unanimidade na Comissão de Educação e Cultura da Câmara.
Por meio de um pacto que produzimos, governo, artistas, instituições e patrocinadores concordaram em aumentar o dinheiro das próprias empresas no custeio. A nova lei equaliza a renúncia fiscal a partir de critérios que permitem compor de forma racional o dinheiro público e privado.
Cria mecanismos de desconcentração e valorização do mérito e estabelece fundos de apoio direto a artistas, adotando uma grade de critérios para avaliar a necessidade de dinheiro público, projeto a projeto. A nova lei estimulará a boa convivência entre democratização e meritocracia.
Quanto ao medo de "dirigismo", a sociedade brasileira já possui instituições públicas com credibilidade na análise de projetos, sem ameaçar a liberdade de expressão.
Nossa democracia está madura e vigilante para barrar eventuais abusos. A pesquisa científica produzida na universidade brasileira, produto da subjetividade, é avaliada e financiada pelo Estado; ninguém reclama de dirigismo e o sistema funciona. Logo, transformar esse modelo não só é possível: é imprescindível. Basta aprovar o projeto que está no Congresso.

ALFREDO MANEVY, doutor em audiovisual pela USP, foi secretário-executivo do Ministério da Cultura (2008-2010).

21 de março de 2011

"Cultura deve ser pensada como investimento", diz economista

Lisiane Wandscheer

Repórter da Agência Brasil

Brasília - O impacto econômico da produção cultural em outras cadeias produtivas foi um dos temas debatidos hoje (12) na 2ª Conferência Nacional da Cultura. Segundo a economista Ana Carla Fonseca Reis, no Brasil o assunto ainda é pouco discutido.

“Queremos que o valor econômico da cultura seja reconhecido, mas não se sobreponha a ela. Nosso talento cultural é um riqueza econômica do país. Cultura deve ser pensada como investimento e não como despesa”, destaca a economista.

Segundo a Ana Carla, os diversos setores culturais movimentam cadeias produtivas que são muito representativas para a economia nacional. Como exemplo, cita a moda que envolve desde a produção do algodão e indústria têxtil, além de outros segmentos, como design.

“Nessa cadeia se emprega desde quem trabalha na produção de algodão, até a senhora que faz bordado na periferia das cidades, passando pelas pessoas cuidam dos desfiles das grandes semanas de moda. Essa é a cadeia que mais emprega mão de obra feminina no país”, afirma.

Para a economista, um dos problemas enfrentados no Brasil é a falta de dados sobre a cadeia produtiva da moda. No mundo, setores como artesanato, multimídia, industrias culturais, moda, design e arquitetura representam 7% do Produto Interno Bruto (PIB) da economia mundial e nos Estados Unidos movimentam 11%.

“Em países como o Brasil, que ainda estão despertando para a economia da cultura, há pouca informação sobre o tema. Não existe PIB cultural. A equação é simples. Se você não tem estatísticas, não tem importância. Se você não der importância, não terá estatística”, salienta Ana Carla.

Primeiro encontro estadual de blogueiros progressistas do RN


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Atribuições das representações regionais do MINC

Atribuições – Art. 14º do Decreto nº 5.711 de 2006

Às Representações Regionais, nas suas áreas de jurisdição, compete:

I – representar o Ministério, bem como participar da implementação e acompanhamento das políticas culturais;

II – prestar informações sobre os programas, projetos e atividades do Ministério, orientar e acompanhar sua implementação;

III – fornecer subsídios para a formulação e avaliação das políticas, programas, projetos e atividades do Ministério;

IV – auxiliar o Ministério na articulação com os órgãos federais, estaduais, municipais e entidades privadas, incluindo empresas, instituições culturais e o terceiro setor;

V – atender e orientar o público quanto aos serviços prestados pelo Ministério;

VI – prestar apoio logístico e operacional aos fóruns de política cultural;

VII – exercer as atividades de ouvidoria do Ministério da Cultura; e

VIII – exercer outras atividades determinadas pelo Ministro de Estado.

20 de março de 2011

Entrevista sobre a Camisa 12 do ABC FC

A reação da NATUREZA

(Antes que seja tarde demais)

A reação da NATUREZA

O homem com a sua ganância
Em busca de uma falsa beleza
Sem enxergar a sua ignorância
Agride consciente a natureza.

Com as queimadas e o desmatamento
Deixa seco o nosso chão
Aumentando a devastação
Em nome do desenvolvimento.

Essa atitude insana e inconsequente
Deixando o planeta mais quente
Falta forças para deter.

E o homem com a sua teimosia
Destruindo o planeta dia a dia
Será o primeiro a desaparecer.

(Carlos Barba dos Santos)

TIPOS DE BRINCADEIRAS E COMO AJUDAR A CRIANÇA BRINCAR

TIPOS DE BRINCADEIRAS E COMO AJUDAR A CRIANÇA BRINCAR
Angela Cristina Munhoz Maluf
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(capítulo do livro: brincar prazer e aprendizado -vozes, 2003)
As crianças precisam atravessar diversos estágios no aprendizado de brincar em conjunto, antes de serem capazes de aproveitar as brincadeiras de grupo. Mesmo depois que ela ganhou confiança em brincar com outras crianças ela gostará, às vezes, de voltar a brincar sozinha ou apenas na presença de amigos, sem colaboração de alguma parte.
Podemos identificar diferentes tipos de brincadeiras sob o ponto de vista da participação social, cada um deles implicando num maior envolvimento entre as crianças e uma maior capacidade de se relacionar e se comunicar com os outros.

Brincadeiras solitárias
Brincar pode prender totalmente a atenção da criança. Há muito que explorar no mundo: forma, textura (áspero, liso, escorregadio) consistência (duro, macio) cor, gosto. Tudo deve ser explorado, sentido, cheirado, experimentado. No início do brincar, significa isso, e a presença de outra criança não oferece nenhum interesse. Absorvido nas próprias atividades, separado de outras crianças, brinca com coisas diferentes. Freqüentemente silenciosamente, às vezes fala consigo mesmo.

Brincadeiras em paralelo... Brincar na presença do outro
Antes de mostrar interesse nas brincadeiras de outras crianças, a criança que está brincando sozinha vai querer passar boa parte do tempo brincando ao lado de seus novos amiguinhos, sem fazer esforço para estabelecer contato. Contentar-se-á em brincar ao lado de outras crianças, “em paralelo” e se absorverá na sua própria atividade. No máximo defenderá seus brinquedos. A fala não é geralmente dirigida a ninguém em particular. Até é possível que as crianças brinquem em silêncio.

Observar brincadeiras
Uma modificação muito grande acontece quando a criança passa a mostrar interesse nas atividades de outras crianças. No início, tal interesse parecerá bastante passivo, e bom espaço de tempo será gasto, simplesmente, na observação das brincadeiras. Pode-se notar, porém, que esse comportamento será bem diferente de uma olhada sem compromisso, pois a criança estará obviamente envolvida, muito absorvida em sua observação. Não há conversas entre eles.

Juntar se à brincadeira... Brincar com os outros do próprio grupo.
Os primeiros movimentos em direção a juntar-se às brincadeiras de um grupo podem tanto se tranqüilos quanto tempestuosos; isto depende do grupo em questão e da criança que pretende juntar-se. Seja como for, os relacionamentos no interior do grupo tendem a se formar rapidamente, talvez cessar com a mesma rapidez e, freqüentemente, se refazer minutos depois.

Existem dois tipos característicos de brincadeiras nessa fase:
O primeiro envolve fazer o que todos estão fazendo, apenas para não ser diferente, ou talvez como um meio de tornar-se um membro do grupo. É o que pode acontecer, por exemplo, quando um pequeno grupo de crianças está correndo juntas, gritando qualquer coisa.
O segundo surge quando membros do grupo estão engajados numa mesma atividade, como, por exemplo, desenhando ou montando um quebra-cabeça em volta de uma mesa, tendo, porém, como principal interesse conversar entre si.
O assunto da conversa pode afastar-se completamente da atividade que esteja sendo desenvolvida e incluir a troca de informações sobre os pais, os acontecimentos especiais como aniversários e passeios. A atividade em si pode ser mencionada na conversa, mas outra vez ocorrerá em uma situação mais ampla, relacionada com o que as crianças gostam ou não gostam, ou sobre o que cada uma está fazendo.

Brincadeiras Cooperativas
Em algum momento, o interesse do grupo se desvia da troca de idéias para o jogo no qual está envolvido. Na brincadeira cooperativa, é muito importante pertencer ao grupo. A criança tem um lugar definido, bastante diferente daquele decorrente da atividade individual que caracteriza as brincadeiras solitárias ou em paralelo e, diferente até, da simples socialização peculiar ao processo de se juntar a um grupo. (Cooperação simples).Brincadeiras cooperativas podem constituir, simplesmente, a atividade conjunta de montar objetos com peças de encaixe, ou fazer castelos de areia. A criança toma parte em atividades compartilhadas, fazendo as mesmas coisas, divide brinquedos, espera a sua vez, trabalha com os outros. A conversa é principalmente em torno da própria atividade.

Cooperação Complexa
Nesse tipo de brincadeira as crianças assumem papéis, esperam a vez, e toda a atividade depende mais do desempenho conjunto do grupo.
A criança brinca de faz-de-conta, assume um papel e o representa. Participa também de jogos com regras complexas. Certas brincadeiras, como imitar papai e mamãe, por exemplo, podem durar vários dias ou semanas, com graus variáveis de elaboração e com interrupções causadas por outros interesses. A conversa gira principalmente em torno dos papéis representados.
À medida que cresce, a criança vai incluindo mais tipos de brincadeiras em suas atividades. Assim, aos dois anos ela não é capaz de brincar cooperativamente, mas aos quatro já consegue. Quando mais crescida ela, ocasionalmente, brinca sozinha ou em paralelo.
As brincadeiras sociais vão se desenvolvendo à proporção que a criança descobre como se comunicar com as outras, usando a palavra. De um modo geral somente aos dois anos, ela começa a se interessar em observar outras crianças brincando, e até tentar brincar junto. Mas sempre estas crianças são suas rivais, e quando encontra problemas, procura a mãe. Aos três anos ela começa a brincar mais com outras crianças, fica feliz em ser aceita em um grupo.A partir dos quatro anos participa de jogos de faz-de-conta, brinca de forma cooperativa simples, em paralelo, solitária. Nessa idade a criança gosta de todos os tipos de atividade.

Observando as brincadeiras das crianças, vamos notar o desenvolvimento e as mudanças em seus interesses e nos padrões de seu relacionamento social. Uma tal compreensão tem vantagem adicional de ajudar bastante na vida com uma criança pequena. Por exemplo, sabemos que, uma festa de aniversário com muitas crianças de dois anos de idade não será, jamais, um sucesso. Já aos três anos enquanto algumas crianças estão prontas para participar de brincadeiras de grupo, outras ainda se encontram no estágio solitário ou em paralelo.

Quando as crianças estão doentes ou sentindo-se inseguras, suas brincadeiras regridem a fases anteriores e elas passam a brincar da forma como o faziam há seis meses ou um ano. Isto é de se esperar e devemos tomar providências para satisfazer as necessidades da criança.
A maior parte das crianças que brinca sozinha, leva mais tempo para atravessar diversos estágios de aprender a brincar em grupo. Nunca devemos forçar uma criança a participar de brincadeiras em grupo se ela não quiser; é perfeitamente possível que ela não saiba como fazer isto, por ainda não estar preparada.

Como podemos ajudar a criança brincar
À medida que a criança cresce ela vai aprendendo várias brincadeiras, começa a gostar de brincar com outras crianças, e não perde a necessidade e nem o interesse como fazia nos estágios anteriores.
A melhor maneira de a criança aprender a brincar é respeitarmos seu próprio ritmo, ajudá-la e encorajá-la, se necessário. Se a criança possui oportunidade de brincar com outras crianças da mesma idade, a maioria delas aprende; antes do cinco anos, saberá dividir, compartilhar e conviver bem em grupos. Devemos proporcionar à criança muitas oportunidades de atravessar os diversos estágios de aprendizado. Além disso, é importante se ter idéia do que fazer durante as atividades das crianças, para tornar as coisas mais fáceis para todas elas.

Os adultos podem, dessa maneira, cumprir várias funções:
•Dar apoio;
•Escolher o momento certo para ajudar a criança a se retirar da brincadeira, quando sentir que ela está insegura.
•Assegurar sempre que a criança esteja pronta para novas experiências, deixando que ela se manifeste.
•Dar idéias: sugerir novas atividades, e estar sempre preparado a ter idéias rejeitadas, quando as crianças ficarem determinadas e seguirem outro rumo.
•Estimular conversas: às vezes a conversa decorre naturalmente da brincadeira, desviando a atenção da criança do aqui e agora.
•Dar conselhos: julgar cuidadosamente quando a criança será capaz de aprender com a experiência, ou se é melhor intervir.
•Atuar como juiz: avaliar situações intervir, para resolver atritos ou evitá-los.
•Tomar parte na brincadeira: aceitar qualquer papel que lhe seja atribuído.
•Ajudar uma criança em dificuldades quando alguma tarefa está além das suas capacidades.

Nunca devemos esquecer que brincar é altamente importante na vida da criança, primeiro por ser uma atividade na qual ela já se interessa naturalmente e, segundo, porque desenvolve suas percepções, sua inteligência, suas tendências à experimentação, seus instintos sociais.
Publicado em 04/05/2005 12:38:00
________________________________________
Angela Cristina Munhoz Maluf - Graduada em Educação Física, Especialista em Psicopedagogia
Retirada do sitio http//www.psipedagogia.com.Br/artigo/artigo.asp?entrID=617

17 de março de 2011

Minicom lança plano para universalizar serviço de rádio comunitária

Minicom lança plano para universalizar serviço de rádio comunitária

17/03/2011 |
Redação
Tele Síntese

O Ministério das Comunicações vai publicar ainda este ano 11 avisos de oferta de rádio comunitária beneficiando 431 municípios. O objetivo é chegar até o final do ano com 85% dos municípios por região contemplados. A expectativa é de que em 2012 o serviço seja universalizado, chegando às 13 cidades nunca contempladas e às 1.268 sem outorgas.

As datas dos avisos e as cidades que serão contempladas fazem parte do Plano Nacional de Outorgas para Radiodifusão Comunitária, divulgado nesta quinta-feira (17) pelo ministro Paulo Bernardo. Ele disse que a divulgação prévia dos avisos facilitará o andamento do processo de outorga, que hoje dura mais de um ano.

Além do cronograma de avisos, o documento traz critérios objetivos para a escolha das cidades que serão contempladas, como o avanço da universalização de forma concomitante em todas as regiões; atendimentos de cidades já incluídas no Plano Básico de Frequências e prioridade para as cidades onde entidades já manifestaram interesse na exploração do serviço. Determina ainda que as cidades mais populosas sejam contempladas antes.

Outra mudança incluída no plano divulgado hoje é de que as delegacias regionais do Minicom, já funcionando em sete cidades, ficarão responsáveis pela coordenação do recebimento e análise dos pedidos de outorgas. Mas a decisão final continuará em Brasília.

O primeiro aviso será publicado na primeira quinzena de abril e vai contemplar 51 cidades de todas as regiões. O prazo para recebimento é de 45 dias e a previsão é de que não haverá prorrogação, para evitar atrasos no processo de concessão da ouorga.

Alteração na legislação
O ministro das Comunicações disse que o novo plano não altera os critérios de seleção, que ainda estão sendo avaliados pela Secretaria de Comunicação Eletrônica. “Caso se conclua pela necessidade de modificação, poderemos optar por enviar um projeto ao legislativo ou incluir a alteração em alguma proposta em tramitação no Congresso”, disse.

Bernardo já se comprometeu em apoiar a proposta dos parlamentares da região Norte, que defende o aumento da potência das rádios comunitárias em até 10 vezes, quando o serviço for oferecido em cidades com baixa densidade demográfica. Atualmente, essas emissoras são limitadas a 25 watts e a antena não pode superar 30 metros de altura.

O ministro lembrou que a legislação da rádio comunitária foi aprovada há 13 anos, num ambiente de muita disputa. “Saiu o que era possível na época, mas agora é possível que se consiga novos avanços”, disse.

Fiscalização
Sobre a delegação da fiscalização de conteúdo da radiodifusão para a Anatel, o ministro disse que depende apenas da apreciação pelo Conselho Diretor da agência. Ele adiantou que será estabelecido um cronograma de fiscalização para evitar que haja concentração em um serviço em detrimento de outro. “As rádios comunitárias autorizadas chegam a 4.200, numero semelhante a das emissoras comerciais, então a fiscalização tem que ser equilibrada”, disse.

O secretário de Comunicações Eletrônicas do Minicom, Genildo Lins, disse que o convênio a ser assinado com a Anatel traz algumas modificações em relação ao convênio em vigor, inclusive na questão da fiscalização.

O papel do Estado na complexa dinâmica cultural brasileira

O papel do Estado na complexa dinâmica cultural brasileira
ILANA FELIX

Dentre tantos papéis do Estado na dinâmica cultural brasileira, acredito que o mais complexo é identificar quais são os grupos culturais realmente representativos. Isso porque, representativo é aquele que tem maior número de apreciadores? Ou é o que tem grande número de participantes? Ou ainda, é aquele que tem mais simbologia histórica e tradição? Não, ao contrário, representativo é o que tem de mais atual e tecnológico? Como se define o que é mais representativo? Qual a metodologia? Pra mim, a questão do ser mais representativo, neste curso de Gestão e Política Cultural, ainda não está acomodada na prateleira das coisas resolvidas. Dizer que a boa política pública é a que apóia os grupos mais representativos é fácil, defini-los é a prosopopéia.

A experiência que tive trabalhando seis anos numa fundação de cultural em Natal me mostrou várias distorções nesse sentido. Exemplo: a mobilização de pessoas ligadas a escolas de sambas e quadrilhas juninas é muito intensa, a maior de todas, mas se resume a pleitear auxílios financeiros que eles insistem em dizer que não sabem prestar contas. Por mais que se exija através de edital e oferecendo oficinas de capacitação, só é conveniente receber o recurso e voltar no ano seguinte novamente.

Esses grupos reúnem muitas pessoas. No caso das quadrilhas, por exemplo, se cada uma tem um mínimo de 70 participantes e a cidade tem pelo menos 80, são aí 5600 participantes envolvidos. Um número significativo que fica muito acima de outros segmentos como o de teatro, de dança ou música erudita. E então, por causa da quantidade, merecem investimentos financeiros tão proporcionais quanto o seu número de agentes?

Agora, vejamos o lado oposto. Existem grupos de cultura popular, às vezes, com apenas 30 ou 40 componentes que são completamente desarticulados entre si. Nunca constituíram associações, federações, como os primeiro citados, e tão pouco sabem pressionar o poder público como aqueles. São grupos de pessoas com baixíssima escolaridade que dificilmente vão conseguir elaborar um projeto ou ser contemplado por um edital público. Estes, mesmo tendo imensurável valor etnográfico e histórico, não conseguem se mobilizar. Não conseguem ser representados nas instituições de poder.

E, o fim dessa história todo mundo conhece. Muito distante de ser “representativo” ou não, o Poder Público notoriamente beneficia mais os grupos articulados politicamente. É fato.

Devido à infinda diversidade cultural brasileira, incentivar com “justiça” os grupos mais representativos é algo muito difícil. Além do que as manifestações têm inúmeras necessidades, algumas de espaços para se apresentar, outras de formação de platéia, outras de capacitação profissional e, por fim, há algumas que precisam de tudo isso e algo mais. Um quebra-cabeça quase impossível de montar, que exige do gestor cultural habilidade política, um conhecimento multidisciplinar extenso que vai de antropologia a finanças públicas, além de muita sensibilidade à diversidade cultural.

O Plano Nacional de Cultura, aprovado em dezembro passado, e redigido com a participação da comunidade artístico-cultural, veio ajudar sobremaneira nessa questão de nortear os gestores públicos. No entanto, ainda é do conhecimento de poucos, um percentual insignificante dos que movimentam a cultura no país. O Plano é um texto tão extenso quanto complexo que, para surtir efeito, precisa primeiramente melhorar muito o diálogo e a interação entre as três esferas do poder público e os movimentos culturais, e é para isso que estabelece ferramentas como as conferências, os conselhos paritários, os planos de cultura.

Após ser regulamentado, ao Estado caberá fiscalizar o bom funcionamento dessas ferramentas e o cumprimento das metas e objetivos que foram muito bem detalhados no PNC, mas que vale ressaltar, não são estanques, são mutantes e vivos, como a cultura.
Fonte: ilanafelix.blogspot.com

16 de março de 2011

Nota do MINC sobre o caso Maria Bethânia

Ministério esclarece aprovação de projeto de blog da cantora Maria Bethânia para captação

Em relação à aprovação do projeto de blog da cantora Maria Bethânia para captação via Lei do Audiovisual, o Ministério da Cultura informa:

O projeto em questão (Pronac 1012234) foi aprovado pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), que reúne representantes de artistas, empresários, sociedade civil (de todas as regiões do país) e do Estado;

Esta aprovação, que seguiu estritamente a legislação, não garante, apenas autoriza a captação de recursos junto à sociedade;

Os critérios da CNIC são técnicos e jurídicos; assim, rejeitar um proponente pelo fato de ser famoso, ou não, configuraria óbvia e insustentável discriminação;

Todas as reuniões deliberativas da CNIC têm transmissão em áudio em tempo real pelo site do MinC (www.cultura.gov.br), acessível a qualquer cidadão.

Ministério da Cultura
Assessoria de Comunicação Social

14 de março de 2011

Programações do dia da poesia em Natal

DIA NACIONAL DA POESIA EM TRÊS DIMENSÕES

Nesse dia 14 de Março de 2011, o Dia Nacional da Poesia, evento de longa tradição em Natal, será comemorado em três espaços multipoéticos que iniciará na Praça Padre João Maria, na Cidade Alta, promovido pelos Setoriais de Cultura, Mulheres e Juventude do PT-Partido dos Trabalhadores; vai para a rua do Bardallos, ali na Gonçalves Ledo, também no Centro da cidade, numa realização da SAMBA – Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências e termina no Teatro de Cultura Popular, na programação oficial da Fundação José Augusto/Secretaria de Cultura. Veja a programação:

1- CAFÉ, POESIA E CIDADANIA

Realização dos Setoriais de Cultura, Mulheres e Juventude do PT-Partido dos Trabalhadores comemorando o Dia da Poesia e o Dia Internacional da Mulher.

Local: Praça Padre João Maria, Centro

PROGRAMAÇÃO

08h ABERTURA COM AS COORDENAÇÕES DOS SETORIAIS DE CULTURA; MULHERES E JUVENTUDE. INÍCIO DO CAFÉ DA MANHÃ POÉTICO.

08h30: LEITURA E DISTRIBUIÇÃO DO SUPLEMENTO MUITO DE POESIA DO DIÁRIO DE NATAL, ORGANIZADO POR ALUÍZIO MATIAS.

09h20: LANÇAMENTO DA CAMPANHA DE DOAÇÃO DE LIVROS AO SEBO CATA LIVROS DE JÁCIO E VERA.

09h25: APRESENTAÇÃO POÉTICA DO GRUPO BANDO LA TRUPPE

09h40 à 12:00: INTERVENÇÕES POÉTICAS

2- Dia da Poesia no Beco

Realização da SAMBA – Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências

PROGRAMAÇÃO

16:00 - LEITURA E DISTRIBUIÇÃO DO SUPLEMENTO MUITO DE POESIA DO DIÁRIO DE NATAL, ORGANIZADO POR ALUÍZIO MATIAS.

17:00 - APRESENTAÇÃO POÉTICA DO GRUPO BANDO LA TRUPPE

18:00 – TORNEIO DE POESIA PARA A ENTREGA DO “PRÊMIO BLECAUTE” DE POESIA. Apresentações poéticas que serão gravadas em vídeo e também será transmitida ao vivo pelos Blogueiros Progressistas. Nesse momento será lançado o novo Blog do jornalista Sérgio Vilar.

19:30 – Show com Grupo Snoop Show e Conexão Mil Graus.

20:00 – Show com SIMONA TALMA.

21:00 – Show de Encerramento com a banda DUSOUTO.

3- DIA DA POESIA NO TCP – Poesia Acorda, Poesia Une, Poesia Guia

Realização da Fundação José Augusto e Secretaria Extraordinária de Cultura

PROGRAMAÇÃO:

18h-Lançamento de Livros:

“Livro dos Poetas” - Organização de Adriano de Sousa
Entrevistas inéditas de Dorian Gray, Fagundes de Menezes, Homero Homem, Jayme Wanderley, João Cabral de Melo Neto, José Bezerra Gomes, Moacy Cirne, Nei Leandro de Castro e Zila Mamede, feitas nos anos 70 pela FJA.
“Príncipe Plebeu” - Cláudio Galvão
Biografia do Poeta Othoniel Menezes. CD com poemas declamados por Tarcisio Gurgel e interpretações (de Fernando Tovar, José de Almeida e Severino Monteiro) das modinhas mais famosas do biografado, musicadas por vários maestros conterrâneos.
“Noturno Quase Infinito”, Maia Pinto e
“Alma que Voa”, de Antônio Júnior.



Lançamento do Suplemento Muito de Poesia organizado por Aluízio Matias
20h-Apresentações poéticas e performances:

Gato Lúdico de Vicente Vitoriano, Grupo Escolar de Marcellus Bob, Celso Borges (MA), e Vilmar Silva (BH), Plínio Sanderson, Carito, Marcos Cavalcante e Bando la Truppe.

Redinha Velha

Redinha velha cansada
Muito orgulhosa de si,
Deita o corpo embriagada
No leito do Potengi.
João Alfredo

14 de março, dia da poesia

Poema: Balance a rede do Mundo
Autor: ANTONIO FRANCISCO



Tem noites que a gente perde
O sono de tal maneira
Que fica o corpo na cama
Batendo o pé na testeira
E a mente viajando
Pelo mundo a noite inteira

É nessas noites de insônia
Que a mente fica perdida
Nos corredores da história
Procurando uma saída
Pra desvendar os mistérios
Dos mistérios dessa vida.

Foi numa noite dessas
Com a mente indo e vindo
Procurando uma resposta
Eu acabei descobrindo
Que o mundo que a gente mora
Faz tempo que está dormindo.

Se estivesse acordado
Deixaria acontecer
Uns poucos querendo mais
Com terra, grana e poder?
E outros pedindo um pouco
Sem ter um pão pra comer?

BALANCE A REDE DO MUNDO
QUE O MUNDO ESTÁ DORMINDO!

Se estivesse acordado
Jamais ia concordar
Do homem morar no campo
Sem terra para plantar
E um pedreiro fazer casa
Sem ter casa pra morar?

BALANCE A REDE DO MUNDO
QUE O MUNDO ESTÁ DORMINDO!

Se estivesse acordado
Não aceitaria não!
O homem fundiu o ferro
Pra fabricar o canhão
E afogar sua bala
No sangue do seu irmão?

BALANCE A REDE DO MUNDO
QUE O MUNDO ESTÁ DORMINDO!

Se estivesse acordado
Ele não aceitaria
Ver tanta gente afogada
No mar da hipocrisia
Fabricando moto-serra
E falando em ecologia?

BALANCE A REDE DO MUNDO
QUE O MUNDO ESTÁ DORMINDO!

Quando este mundo acordar
Ele vai dizer na hora:
Chega de tanta injustiça!
Não suporto mais agora
Ver tantas mãos estiradas
E tantos pães jogados fora!

BALANCE A REDE DO MUNDO
QUE O MUNDO ESTÁ DORMINDO!