3 de agosto de 2009

COMPANHIA DE DANÇA DO TAM: DANÇA CONTEMPORÂNEA NO CENÁRIO ARTÍSTICO DE NATAL



Elizane Maria da Silva¹
Graduanda do curso superior em Gestão Desportiva e do Lazer do IFRN
Juliana de Lima Teixeira²
Graduanda do curso superior de Gestão Desportiva e do Lazer do IFRN
Rayssa Crystyna Galvão Torres³
Graduanda do curso superior de Gestão Desportiva e do Lazer do IFRN

RESUMO
O presente artigo foi desenvolvido junto à Companhia de Dança do TAM (Teatro Alberto Maranhão) que através da expressão corporal e de novos movimentos, adentra no espaço crítico e criador da dança contemporânea para ousar numa proposta inovadora. Nesse contexto, a dança contemporânea manifesta uma linguagem própria e ressalta por meio de coreografias os hábitos do homem atual. Este trabalho tem por caráter um estudo de caso que apresenta a dança contemporânea como uma maneira de vivenciar o lazer. Objetiva compreender a dança contemporânea como expressão do corpo e como se configura no cenário artístico de Natal/RN. O texto também aborda a relação que a divulgação da dança tem com a mídia, além de mostrar o papel do profissional do lazer na valorização dessa arte. Percebe-se que a Companhia de Dança do TAM contribui para difundir e valorizar a arte local por meio dos espetáculos que são apresentados, como também da participação em diversos festivais nacionais.
Palavras-chave: Companhia de Dança do TAM, Corpo, Dança Contemporânea. Lazer.

INTRODUÇÃO


Desde outrora, a dança fez parte da vida do ser humano, ela está presente em cada cultura e se revela segundo as concepções internalizadas por cada uma.
A busca por novas formas de linguagem corporal, novas sensações, novos movimentos para expressar de maneira criativa e inovadora faz com que a dança contemporânea ganhe destaque por comunicar sua própria arte.
Nesse contexto, aparece a Companhia de dança do TAM (Teatro Alberto Maranhão) que desenvolve um trabalho de dança contemporânea e através da criação de coreografias, revela traços do homem atual.


1 Rua Jerônimo Câmara, 166A – Nazaré – 88313866 – lizaninha_maria@hotmail.com
2 Rua Rio Guaju, 7710 – Cidade Satélite – 88013464 – julianinha_lima_89@hotmail.com
3 Rua Forte dos Reis Magos, 1152 – Lagoa Nova – 88695805 – rayssacgt@hotmail.com
Nesse universo dançante, existem pessoas que encontraram na dança contemporânea o sentido de sua existência, o lazer e a própria realização no que faz. O interesse de conhecer esse tipo de arte é compreender como se configura um dos estilos de dança na cidade do Natal. Nessa perspectiva, faz-se necessário compreender a seguinte indagação: “de que forma a Companhia de dança do TAM se utiliza da dança contemporânea para fomentar a arte local?”.
A presente investigação possibilita novos encaminhamentos para novos estudos que contemplem essa mesma temática. No âmbito social, contribui para divulgar a arte local e também para repensar a dança contemporânea como possibilidade de lazer.
O trabalho de campo e a revisão da bibliografia foram investimentos e preparativos para uma boa pesquisa. Foi necessário ir a campo para se colher informações prévias que devem levar em conta um horizonte mais alargado de contatos e trocas até que possa formular a questão central. A amostra foi constituída por membros da Companhia de Dança do TAM, entre eles, a Diretora Geral/Artística Wanie Rose, bailarinos e também pessoas que prestigiaram um dos espetáculos que o grupo de pesquisa presenciou.
Decidimos então focar em um estudo de caso. Assim, a pesquisa intitulada Companhia de dança do TAM: dança contemporânea no cenário artístico de Natal partiu do questionamento de como a dança contemporânea é vista numa perspectiva artística da cidade.
No caminho metodológico da pesquisa de campo, também se optou pela técnica de depoimentos pessoais as quais permitem em situação de entrevista a coleta de dados com a aplicação de um roteiro de entrevistas semi-estruturadas, além da observação participante nos ensaios e no espetáculo em comemoração ao 11o aniversário da companhia, revelando a expressão da dança contemporânea no âmbito local. Assim, descrevendo o universo que rege o objeto de estudo da pesquisa e interpretando os relatos orais e depoimentos dos profissionais da dança e do público que visita os espetáculos.
Este artigo está dividido da seguinte maneira: no primeiro momento versa sobre o contexto histórico da companhia de dança do TAM; num segundo momento a relação que o corpo tem com a dança, como uma forma de representar e expressar; em seguida discuti a dança como uma proposta de lazer que vem para demonstrar que ambos têm a possibilidade de criar atalhos para a alegria, o prazer, a satisfação que procuram tornar a vida mais leve e desenvolver indivíduos construtores ativos de suas culturas. E por fim, a dança contemporânea e suas relações com a mídia e as impressões do seu público-alvo.

Companhia de Dança do Teatro Alberto Maranhão

A Companhia de Dança do Teatro Alberto Maranhão (TAM) foi criada em 1998, e, é uma das principais escolas formadoras do movimento da dança na cidade de Natal. Ela desenvolve um trabalho de dança contemporânea coordenado pela Professora Wanie Rose. Só em 2008 recebeu treze prêmios em festivais em Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo.
Dentre as atividades realizadas em 2007 e 2008, destacam-se: a participação na Mostra Competitiva do 25° Festival de Dança de Joinville-SC em julho de 2007 onde foi premiada duas vezes. Destaque para as seguintes coreografias: “ALGO DE MIM” da intérprete-criadora Anádria Rassyne e “SUSSURROS” do coreógrafo Tomás Quaresma. Em abril de 2008, foi à vez do Espetáculo 10, apresentado em Extremoz, Parnamirim, Ceará-Mirim, Goianinha, São José de Mipibu, Nízia Floresta, Macaíba e São Gonçalo do Amarante. O mesmo espetáculo também foi apresentado no Festival de Inverno de Cerro-Corá, no Circo da Luz.
A Companhia de Dança costuma se apresentar no Teatro Alberto Maranhão que é um importante espaço para divulgação do que é produzido pela cultura local, além de ser palco das grandes produções nacionais e internacionais que passam por Natal. Esta, uma das mais premiadas do Nordeste, representa a Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão (EDTAM) em todos os festivais que acontecem fora de Natal. Desde 2003 se apresentam em Joinvile, lá já conquistaram vários prêmios. Já foram também a Campos do Jordão, Cabo Frio, entre outras cidades.
A diretora Wanie Rose foi contemplada, a alguns anos atrás, com uma viagem patrocinada pela Fundação José Augusto à França, onde ela pode conhecer um pouco da cultura francesa e ganhar mais experiência. Teve oportunidade de assistir 21 espetáculos e ainda convidar um coreógrafo francês para passar três semanas aqui em Natal. Durante essas três semanas, ele trabalhou junto com a companhia, fazendo um trabalho voltado para a consciência corporal e de interiorização, onde os alunos tiveram que retirar os movimentos do seu interior.
A companhia de dança não possui patrocinadores e nem os bailarinos são remunerados. Sempre que precisam viajar recebem apoio do Governo do Estado e fazem espetáculos com o intuito de arrecadar dinheiro para ajudar nas despesas. Ela tem uma grande variedade de estilos de dança, como Jazz, dança de rua, balé clássico etc. O Bailarino da companhia ensaia de segunda a sexta, três horas por dia. Ele é livre para criar suas próprias coreografias, seguindo as orientações da ensaiadora Wanie Rose, o que possibilita a ele, desenvolver sua criatividade e sua liberdade de expressão.
A Dança como Expressão do Corpo

Para Tolocka e Verlengia (2006, p. 18):

A dança existe como uma expressão própria do ser humano, e é possível observarmos como essa manifestação cultural se transformou ao longo dos tempos em seus diversos aspectos, em suas relações com o divino, com a natureza, com a sociedade e com o próprio corpo, estabelecendo uma comunicação dinâmica e significativa entre corpo e movimento, entre corpos e entre movimentos, criando um universo de significados e significantes.

Nesse sentido, a dança é a expressão do corpo que expõe sua existencialidade, nas relações consigo, com o outro e com o mundo, evidenciando os valores comuns da vida em sociedade.
O corpo tem uma linguagem própria que precede a linguagem oral. Uma das formas de comunicação e de expressão desse corpo é a dança, em que o ser humano pode exprimir sentimentos, transmitir valores, refletir sobre seus anseios, dentre outros atributos.
A sociedade contemporânea é motivada a valorizar o belo. Cultua um corpo que apresenta qualidades estéticas e tem uma excessiva preocupação com a aparência. Nesse contexto, a condição corporal é marcada pela imagem que se tem totalmente de si mesmo.
O corpo, não sendo uma simples expressão individual, representa os valores comuns da vida em sociedade, “de formas diferenciadas, no tempo e no espaço. Dessa forma, a motricidade, como expressão da presença no mundo, revela um conhecimento mais amplo de como a sociedade pensa sobre si mesma” (BRUHNS, 2000).
A dança é uma possibilidade de realização de movimentos para além de corpos, de formas e de técnicas perfeitas. Ela é utilizada como meio de comunicação e transmissão de idéias, de fala e de expressão dos diferentes e sobre as diferenças.
“Danza, dança, TANZ derivado da raiz tan que em sânscrito significa “FUSÃO” (NANNI, 1998), é uma arte tão antiga quanto o homem em forma de linguagem.
Representar com a dança não precisa de muitas coisas, basta o corpo, confirmada pela idéia:

De todas as artes, a dança é a única que dispensa materiais e ferramentas, dependendo só do corpo. Por isso, dizem-na a mais antiga, aquela que o ser humano carrega dentro de si desde tempos imemoriais. Antes de polir a pedra, construir abrigo, produzir utensílios, instrumentos e armas, o homem batia os pés e as mãos ritmicamente para se aquecer e se comunicar. Assim, das cavernas à era do computador, a dança fez e continua fazendo história. (PORTINARI, 1989, p11).
Através de elementos coreográficos, a dança utiliza linguagens e as amplia para estabelecer uma comunicação e expressão. Na dança, as formas e passos são unidades significativas ou signos corporais. Estes se organizam em seqüência, no tempo, no espaço, com certa conotação enfática na expressão de gestos por um discurso não verbal de valor estético, chamado significativamente “coreografia” ou arte de Dançar.
A Dança Contemporânea aparece nesse universo e se utiliza dos hábitos da sociedade atual para expressar sua própria arte que através da criação de coreografias, reflete, questiona, encanta, comunica valores e transcende o homem para sua própria realidade.
A necessidade de renovar e de romper com os padrões do balé clássico evocou na década de 1960 à dança contemporânea que através de uma forma singular fomentou o universo dançante. Na década de 1980, a dança contemporânea começou a se definir, desenvolvendo uma linguagem própria e conquistando uma gama de pessoas que passou a apreciá-la e praticá-la.
Vale ressaltar que devido à complexidade de alguns movimentos, a dança contemporânea ainda não se tornou referência para a maioria do público, e mesmo para aqueles que atuam nesse território estético.
Apesar de não ser tão divulgada, a dança contemporânea tem um papel bastante importante no cenário artístico. Possui características que enriquecem a arte e dinamiza a vida daqueles que a praticam. O bailarino tem autonomia, liberdade para se expressar de maneira única, criando os seus próprios passos, movimentos a partir de suas experiências e da realidade que o cerca. É interessante notar que o bailarino utiliza-se do mundo contemporâneo para elaborar a matéria-prima do seu trabalho, ou seja, ele explora temáticas bastante atuais que vão de encontro à existência humana.
A dança contemporânea se apresenta numa perspectiva que vai além das práticas corporais do pragmatismo e da funcionalidade das atividades lúdicas. Ela é uma maneira de vivenciar o lazer e estimula o pensar, pois, devidamente inquirida, pode falar muito sobre os padrões sociais, éticos, estéticos, valorativos etc, do grupo que as pratica. Através dos gestos do corpo, tal dança pode expressar uma linguagem e uma comunicação com e através do corpo. Sendo assim, vale destacar um conceito:

“[...] O gesto é considerado como a expressão física exterior (floris) da alma interior (intus). Essa concepção da expressividade do gesto (qualquer que seja a identificação, filosófica, religiosa ou psicológica de seu referente) e a representação dual da pessoa que a sustenta são esquemas constitutivos da cultura ocidental, a contemporânea inclusive... A relação do corpo e da alma, quer, segundo a tradução ética é estabelecida pelos gestos, pode sugerir, em compensação, uma ação sobre o corpo, uma disciplina dos gestos – gestos da prece ou comportamentos mais comuns – influindo sobre a alma, para confrontá-las as normas morais: mas essa possibilidade é mais raramente evocada, em que a reflexão sobre os gestos se faz mais intensa. (SANT’ANNA, 1995, p.142)

Dança Contemporânea: lazer, prazer e o papel do profissional do lazer
Dançar, um dos maiores prazeres que o ser humano pode desfrutar. Uma ação que traz uma sensação de alegria, de poder, de euforia interna e, principalmente, de superação dos limites dos seus movimentos. É exatamente essa sensação que os bailarinos da pesquisa sentem.
Para eles, a dança contemporânea faz parte de seu cotidiano. É o foco de suas vidas. Representa uma fonte de trabalho e renda, ao mesmo tempo também é considerado como uma forma de lazer. A maioria dos bailarinos faz de sua vida uma dança, ou da dança a sua vida. Ela alimenta o físico e o espírito, é algo que os completa tal como expressa a fala de uma das bailarinas entrevistadas “a dança é a minha vida, faz parte do meu cotidiano. Ela é algo essencial, ela me completa e eu me sinto bem”.
A dança, como uma oportunidade de vivência do lazer, assume a responsabilidade de criar atalhos para a alegria, para a satisfação, a fim de atribuir significados à vida do ser humano, já que, através dela, se pode despertar a imaginação. Quando se faz algo que se gosta, por prazer, deixamos nos envolver pelo momento para podermos expressar sensações que foram sendo criadas com essa atividade. Barreto (2004, p.79) revela que:

A dança traz consigo, quase sempre, um sentimento de rebeldia e, conseqüentemente, estimula invenções e propostas de coisas novas. Estas características que ela revela são manifestações das pessoas diante da vida. Dançar como forma de lazer, celebrar ou fazer arte pode representar formas de tornar a vida mais leve e repleta de lazer.

Percebe-se nesse sentido que a dança em termos gerais, é a arte do movimento e que através dela, desempenha-se vários papéis sociais, independente de qual sociedade ou cultura se esteja inserido. Ressaltando a nossa visão de arte, Bueno (2002, p.68) relata que “a arte não se restringe ao fazer, ou só a expressão, mas envolve também o conhecer e a invenção”.
Os bailarinos buscam a dança como uma prática de lazer e prazer já que ela desenvolve atividades que os proporcionam formas agradáveis de excitação, expressão e realização pessoal, pois através dessa vivência eles têm ao mesmo tempo uma fuga temporária da sua rotina e das obrigações.
Movimentar-se com ritmo, gestos diferentes dos movimentos utilitários do dia a dia, estar em sintonia com a música, com outras pessoas, e com os próprios sentimentos, tudo isso é experiência da dança. Uma experiência, aliás, agradável e repleta de desafios não apenas corporais, pois através dela damos asas a nossa imaginação e a nossa liberdade de expressão, já que os “movimentos brincam, brilham, dão cor e vida ao espaço real e imaginário” (ZOTOVICI, 2003).
Ao levar um grupo ao teatro, para apreciar uma apresentação de dança contemporânea, seria interessante trabalhar com as características do estilo dessa dança, do espetáculo apresentado, do grupo, do artista, tentando situá-lo no contexto da história da arte e estimular a exposição do que se interpretou da apresentação vista. É importante que cada um desenvolva suas sensações.
Os conteúdos artísticos são os quais o indivíduo trabalha ao sonhar acordado, o faz-de-conta, a elaboração espontânea da fantasia, o estético, a criatividade, a expressão em que ele exercita a imaginação. Este conteúdo é visto como arte; e a intuição pode ser desenvolvida por meio das atividades construtivas, como a dança (READ, 2001), já que nas coreografias os corpos desenham traços no ar envolvendo técnica (objetividade) e emoção (subjetividade) no qual seu conteúdo é estético e busca-se beleza e encantamento.
A dança contemporânea praticada em especial pela Companhia de Dança do TAM, é também uma oportunidade de vida para os jovens de periferia como uma forma educacional de inclusão social. Se tratando dos aspectos sociais, o jovem ao realizar os movimentos em conjunto, expressa todos os seus sentimentos, existindo, assim, uma troca, uma inter-relação de experiências, o que amplia os horizontes socioculturais desses jovens. A dança é uma inserção social, principalmente desses jovens que muitas vezes não têm acesso à cultura, ao lazer, à alimentação, à saúde. A dança nesse caso é uma oportunidade dos jovens não se perderem na marginalidade.

Dança contemporânea: a influência da mídia e as impressões do público alvo

Na verdade não há um interesse por parte da mídia em divulgar esse tipo de arte, já que esta é complexa de ser compreendida e reproduzida. Nesse contexto, Maar (2009) diz que a música, as artes e a literatura são submetidas a padrões niveladores rigorosos, que buscam eliminar conteúdos complexos ou esteticamente elaborados que possam causar estranhamento no público.
Gatt (2009), inspirado na obra de Adorno e Horkheimer, argumenta que os controladores da indústria cultural se dedicam à elaboração de uma linguagem destinada à produção de efeitos fáceis e de assimilação imediata por qualquer expectador, o que exige a exclusão de todo elemento que escape à formação adotada ou então a conteste.
O que se vê no mundo contemporâneo, com raras exceções, é a padronização de comportamentos que se dá por meio da sujeição do indivíduo às informações que são veiculadas pela mídia.
A dança contemporânea oportuniza o seu público a pensar. Esse pensar é um ato de interpretar e questionar a realidade, especialmente quando esta se mostra sólida. Pensar implica tornar problemáticos costumes, sensibilidades e verdadeiras características do presente. Esta, muitas vezes ou quase sempre provoca recusa das pessoas, porque o ato de pensar gera incômodo, desestabiliza, provoca dúvidas e de certa forma torna visível parte da história do próprio pensamento.
Nesse aspecto, Ramos (2008) diz que as pessoas na carência do prazer querem estímulos diretos, por isso, elas têm certo receio da dança contemporânea, por essa explorar o ato de pensar, onde há a necessidade de entender os códigos que estão sendo apresentados nessa dança. Ele ainda fala do encantamento divino na arte, alegando que ele não é um gozo fugaz, ele permanece. Mas, no caso da indústria cultural, especificamente aqueles indivíduos que se deixam influenciar por ela, vão ter um gozo que obedecem as imposições das leis dessa indústria, não fazendo suas próprias escolhas, se comportando como uma criança que não conhece os códigos, não se posiciona e segue os fluxos das informações que são veiculadas.
Ainda nesse contexto, Adorno (2006) diz que a mídia lança moda e força as pessoas a gostarem do que lhe é imposto. Elas fazem novos programas de lazer, rejeitando e desvalorizando o que é da cultura local.
Nesse processo, o profissional do lazer contribui para o questionamento da grande máquina de difusão de valores reunida ao redor da indústria cultural, esclarecendo seus limites e desvendando os princípios que a legitimam para a sociedade contemporânea.







CONSIDERAÇÕES FINAIS

A dança é uma forma de expressão corporal que vai além dos gestos e movimentos. Ela evoca sentimentos, emoções e prazer. Expõe realidades, alegra e contagia todos aqueles que encontram nela uma forma de realização. Ela está em cada um de nós, podendo ser estimulada pela educação de nossa sensibilidade.
É importante desenvolver novas sensibilidades e nesse processo ter acesso a novos valores e conteúdos artísticos que ajudem a internalizar essa nova linguagem que é comunicada pela dança contemporânea.
Nessa perspectiva, a Companhia de Dança do TAM tem contribuido para que a dança contemporânea ganhe destaque no cenário artístico de Natal e passe a ser conhecida e valorizada pelo público em geral. Através de projetos e oficinas que são realizados em escolas públicas, a Companhia de Dança do TAM, informa e forma os estudantes para recepção de novas linguagens artísticas, além de possibilitar a vivência de novas experiências no campo das artes. Vale salientar que a apresentação de espetáculos e a participação em festivais a nível nacional tem possibilitado o fomento da cultura local e a valorização dos artistas da terra.
Sugere-se ao profissional do lazer contemplar os interesses artísticos em seu programa, tratando-os a partir de uma dupla dimensão. Deve contribuir para educar a sensibilidade de seu público-alvo e possibilitar a vivência de novas formas de lazer .
O profissional do lazer não deve apenas incorporar esses interesses à perspectiva da contemplação. Ele pode e deve contribuir para despertar nos indivíduos seu senso de produção artística. Isso não significa estimular somente a formação de notáveis bailarinos e profissionais da dança, mas sim, levar a cada um à percepção de que é possível extrair da dança contemporânea o ato de representar e corporeizar.
Por isso é no tempo de lazer que se procura vivenciar algo novo por escolha, satisfação, prazer e também por caracterizar-se como espaço de encontro e convívio, apesar de se observar à preponderância do “lazer mercadoria” atualmente em nossa sociedade, dominada pelos padrões de produtividade e do lucro.
Propõe-se com essa discussão, que maiores estudos sejam desenvolvidos nesta área e que possam contribuir para repensar as concepções que se tem sobre a dança e o seu papel na sociedade.


REFERÊNCIAS

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BARRETO, Débora. Dança...: ensino, sentidos e possibilidades na escola. Campinas-SP: Autores Associados, 2004.

BRUHNS, Heloisa Turini; GUTIERREZ, Gustavo Luis (orgs.). O corpo e o lúdico: ciclo de debates lazer e motricidade. Campinas-SP: Autores Associados, 2000.
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COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural. São Paulo: Brasiliense, 2003. (Col. Primeiros passos).

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LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Fundamentos de metodologia Científica. 6. ed. São Paulo. Atlas. 2005.

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NANNI, Dionísia. Dança Educação: princípios, métodos e técnicas. 2. ed. Rio de Janeiro RJ: SPRINT, 1998.
PORTINARI, M. História da Dança. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
RAMOS, Conrado. Indústria cultural, consumismo e a dinâmica das satisfações no mundo administrado. In: DURÃO, Fábio A.; ZUIN, Antônio; VAZ, Alexandre F. A indústria cultural hoje. São Paulo: Boitempo, 2008. SILVA, Juremir Machado da. Imaginários Bárbaros, da obsessão pelo controle ao controle remoto. In: COUTINHO, Eduardo G.; FILHO João Freire; PAIVA, Raquel (orgs.). Mídia e poder: ideologia, discurso e subjetividade. Rio de Janeiro: Mauad x, 2008.
READ, H. A Educação pela Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

SANT’ANNA, Denise Bernuzzi (org.). Políticas do Corpo. Estação liberdade, 1995.
THOMPSON, John. A mídia e a modernidade: uma teoria social da mídia. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
TOLOCKA, Ruth Estanislava; VERLENGIA, Rosângela; et al. Dança e Diversidade Humana. Campinas-SP: Papirus, 2006.
ZOTOVICI, S. A. Pés no chão e a dança no coração: um olhar fenomenológico da linguagem do movimento pela dança. Campinas-SP, 2003.

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