22 de fevereiro de 2010

Sobre cinzas e Serra

por Ramon Alves

As últimas pesquisas eleitorais, que apontam para um progressivo crescimento da candidata do presidente Lula à disputa eleitoral de 2010, são contagiantes para quem quer ver o Brasil prosseguir nos trilhos do desenvolvimento e da distribuição de renda.

É uma oportunidade dada ao país pelo simbolismo de termos uma mulher com chances reais de vencer, mas principalmente por ser uma mulher como Dilma, com seu histórico de participação na resistência à ditadura, por sua garra e capacidades técnica e política inquestionáveis.

Essas pesquisas, que mostram redução da preferência por José Serra e desejo cada vez maior por Dilma, significam que a idéia de apostar na disputa plebiscitária começa a gerar resultados na percepção que as pessoas têm das mudanças sociais ocorrida nesta década. É acertada a tática que, prevalecendo na campanha presidencial, conquistará o povo brasileiro que aprova o mandato do presidente Lula a votar na candidata petista.

O silêncio de José Serra é reflexo dessa impossibilidade dos tucanos de reagirem e de apresentarem elementos de contraponto. Como justificar a privatização das principais estatais do país? Do status alcançado pela Petrobrás no governo Lula? Poderíamos citar aqui inúmeros traços de distinção que demarcam bem os dois principais campos que disputam a presidência do Brasil. Alguns anos atrás, principalmente no início deste segundo mandato, era necessário apontar comparações, hoje as mudanças estão muito mais vivas no cotidiano do povo.

Como sabemos, a direita (principalmente aquela rancorosa, que não tolera na presidência um autêntico filho do Brasil) fará de tudo para derrotar Dilma. É uma gente que não aceita que o pobre ocupe o mesmo espaço que o seu na universidade, que o serviço público seja democratizado por meio de concursos e, portanto, jogarão todas as suas fichas na vitória de José Serra. E elite construiu o Estado para si e vêem no mandato do PT a possibilidade do seu domínio de classe ser ainda mais enfraquecido com a vitória de Dilma.

O "já ganhou" de José Serra, tão presente no ano passado, começa a virar cinzas. Eles apostaram na popularidade do governador paulista, mas não esperavam que, a tempo, o povo despertasse para o significado de ter o PSDB novamente dirigindo o governo brasileiro. Para nós, a vitória também não está dada. Precisaremos dialogar com amplas parcelas da população estabelecendo uma disputa de alto nível, contrapondo os diferentes resultados alcançados em todas as áreas pelos governos de FHC e de Lula.

Se conseguirmos balizar a eleição por esse parâmetro, como tem ingenuamente nos ajudado Fernando Henrique, pode preparar a comemoração. Vai ser goleada. Enquanto isso, todo cuidado às movimentações da direita, a hora é de convencer as pessoas para fazermos no Brasil A Grande Transformação.

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