6 de novembro de 2010

Artistas de Mossoró lançam manifesto para Rosalba

ARTISTAS LANÇAM MANIFESTO PRÓ-CULTURA

31 de outubro de 2010

Este manifesto é resultado de uma articulação de agentes culturais e artistas, aborda de forma sucinta uma fotografia da cultura do Estado do RN, e delineia um perfil para o cargo de gestor cultural. Trata-se de uma produção textual coletiva com a participação de Augusto Pinto, Aldacir de França, Carlindo, Ceição Maciel, Cleide, Lenilda Sousa, Joriana Pontes, Messias, Nonato Santos, Toinha Lopes.

Senhora governadora Rosalba Ciarline:
Somos produtores culturais, artistas profissionais, e em formação das áreas de musica, teatro, Artes visuais, Cinema, Dança e poesia. Trabalhadores da arte, com extensa folha de serviço prestado ao povo de Mossoró e do rio grande do norte, de forma presente, pulsante e continua temos trabalhado a serviço da produção, circulação e fruição dos bens culturais, bem como da democratização da arte, como forma de garantir cidadania ao povo potiguar.

Nosso compromisso ético é com a função social da arte. O que nos une no que denominamos de Articulação em Defesa da Cultura Potiguar é desejo de contribuir com o governo da Sra. Rosalba Ciarlini que em seu programa de gestão já se anuncia novo, sensível e comprometido com os sonhos dos que fazem a cultura do nosso estado, quando se compromete de imediato encaminhar projete lei para criar o Fundo Estadual de Cultura com destinação de 1% da arrecadação o ICMS anual, criando assim uma fonte estável e permanente para o financiamento das atividades e iniciativas culturais.

Entendemos que a criação do Fundo Estadual de Cultura pressupõe a elaboração de um Plano Estadual da Cultura, com formação do conselho paritário para que as políticas culturais sejam formuladas de forma democrática e tenham a sua continuidade garantida.

Entendemos ainda que uma intensa movimentação cultural, não constitui uma política de cultura, pois de fato a política cultural que limita se à promoção de alguns eventos, os grandes espetáculos a céu aberto, os quais, ainda que se imponham como grandes realizações estéticas, não têm contribuído como se esperava para o incremento da produção artística local; por outro, entendemos que o dinheiro público deve servir principalmente, para financiar shows, eventos e projetos a que venha contribuir com os processos de socialização, de criatividade, que venham realçar os valores humanos.

No entanto as nossas perspectivas positivas com relação a uma nova gestão para a cultura do Rio Grande do Norte, que entendemos tende a ouvir e atender os anseios do movimento cultural; preocupa-nos a manutenção de alguns avanços pontuais que consideramos conquistas da classe artística até o presente passamos a enumerá-las:

Política de editais
Nos últimos dois anos foram inúmeros editais lançados pela FJA, podemos citar o Premio Chico Villa, Lula Medeiros, Micros Projetos + Cultura, Premio Nubia Lafaete, Premio Cornelio Campina, Premio Willian Colbert, Prêmio de Dança Roosevelt Pimenta, Prêmio Moacyr Cirne de Quadrinhos, entre outros que com a seleção pública de projetos culturais, atraves utilização de editais, representou uma forma democrática e republicana para a distribuição de recursos públicos aos p rojetos e atividades culturais. Os editais fazem com que a destinação dos recursos públicos para a área cultural seja feita de forma transparente e aberta, com regras claras e critérios objetivos, tornando as políticas públicas de cultura mais difundidas e mais acessíveis a produtores e grupos culturais.

Pontos de cultura
Os pontos de cultura (iniciativas culturais desenvolvidas pela sociedade civil que estão sendo potencializadas pelo Governo Federal), que não passava de meia dúzia nos últimos tempos passaram para o numero de 53 em todo estado. Preocupa-nos a continuidade da parceria da fundação José Augusto e ministério da cultura no que se refere a manutenção dos 53 pontos de cultura e mais 13 em processo de implantação, havendo informação de que haveria interesse do ministério em la nçar edital para mais 100.

Projeto Seis e meia
O Projeto Seis e Meia veio para Mossoró pela primeira vez em 1996, ficando até o ano de 1999 Nesta época era muito difícil realizar o projeto na cidade, pois alem de cobrir os custos da produção com a venda de ingressos, diferentemente de Natal, não havia cachê fixo e o artista local recebia o valor referente em ingressos, que ele tinha de vender. No atual formato dos seis e meia o projeto passou a ser totalmente custeado pela fundação e com a contribuição da iniciativa privada em forma de patrocínio. O projeto seis e meia traz ao estado o que tem melhor da música nacional e enaltece os artistas locais.

As casas de cultura
São 25 casas de cultura inauguradas no RN que tiveram como mérito maior o tombamento de alguns prédios históricos para o patrimônio arquitetônico cultural. Que apesar do fato de pouco se conhecer do funcionamento real destes equipamentos, entendemos que \?As Casas\? poderão no futuro constitui-se numa solução a um processo necessário de interiorização da Fundação José Augusto. Além de serem utilizadas para favorecer o acesso da população aos bens culturais, podem dinamizar a promoção da cidadania.

Teatro Estadual Lauro Monte Filho e Teatro Adjunto Dias
Estes espaços teatrais conquistados pela classe artística ainda no governo Garibaldi já tiveram em tempos áureos intensa programação cultural, nos últimos anos por falta de manutenção e ausência de critérios técnicos na contratação de pessoal e mesmo a inexistência de funcionários, se tornaram verdadeiros elefantes brancos, assim se faz necessário além da manutenção dos espaços e a devida dotação orçamentária a contrataç ão de pessoal especializado em curto prazo e em longo prazo a realização e concursos para compor o quadro técnico especializado permanente destes equipamentos.

Agosto de Teatro
Em sua segunda edição e sucesso de público, o Festival Agosto de Teatro promovido pelo Governo do Estado e realizado pela Fundação José Augusto, tendo como objetivo geral reunir os fazedores de Teatro do estado, o festival agosto de teatro veio ocupar uma lacuna enquanto espaço vitrine da produção local, possibilitando a apreciação, reflexão e discussão dos espetáculos, como também, oferecer ao público acesso às mais variadas produções teatrais potiguares promovendo o intercâmbio entre os artistas e proporcionando o debate de temas pertinentes ao fazer teatral, se constituindo como espaço de discussão de espetáculos e formação de platéias.

Além destas ações que gostaríamos que houvesse continuidade e atenção por parte do novo governo, e ainda com base nos compromissos de campanha através do programa de cultura, no que diz respeito à interiorização das escolas de arte e a estimulação da cultura de produção e consumo da arte de sugerimos a realização das ações:

Poesia Popular Nordestina
A Fundação José Augusto em parceria com a Secretaria da Educação, através oficinas de literatura de cordel e da prática do repente possibilitará a descoberta de novos valores poéticos, o que por consequência, poderá resultar numa relevante produção poética no contexto da Poesia Popular. Além da possibilidade de criar e ampliar o mercado de trabalho para cordelistas, declamadores e repentistas, o projeto será uma forma de reconhecimento e valorização dos mest res da poesia popular.

Festivais e Mostra de Cultura Popular
Aproveitando os equipamentos já existentes das Casas de Cultura, propomos ainda, a realização de Festivais de Repentistas, Festivais de Sanfoneiros, Mostras de Teatro de Bonecos, Oficinas e Cursos sobre as normas técnicas da Poesia Popular Nordestinas, Festivais de Humor, de Teatro ( cursos e oficinas ), de Música, de Folclore, todas essa ações objetivando a descoberta de novos talentos capazes de produzir arte, poesia, música e humor, o que indubitalvemen te, enriquecerá e ampliará ainda mais, a cultura a arte do nosso Estado.

Balcão de Ferramentas Culturais
Considerando a existência de inúmeros editais no campo cultural e que Dentro da cultura, o sub setor do entretenimento que reúne cinema, teatro, televisão e música são um dos mais intensivos em trabalho (Publicado no O Estado de S. Paulo, 29/04/2008), sugerimos a criação de um balcão da cultura com atuação voltada especificamente para o fomento da economia da cultura, culturalização da economia e atividades do entretenimento. Podendo atuar tanto na capacitação de artistas e produtores e na captação de recursos, bem como da criação de uma linha de financiamento para aquisição de equipamentos e instrumentos musicais.

Ponto de Vista da Classe artística:
Acreditamos que o fortalecimento e desenvolvimento da arte e da cultura do Rio Grande do Norte, além da vontade política da governado ra passam também pela habilidade administrativa e pela capacidade técnica do futuro presidente da Fundação José Augusto dada a oportunidade sugerimos um perfil que consideramos ideal para um gestor público da área cultural:

1. Acesso: Direto a governadora e outras esferas do poder executivo estadual através da utilização correta do feedback.

2. Experiência: na gestão da cultura e positividade na resolução dos problemas

3 Sensibilidade: para perceber o outro e habilidade para fazer articulações.

4. Formação: caráter e atitudes pluridisciplinar das tarefas faz imprescindível um nível altivo de formação tanto em disciplinas humanísticas como em gestão.

5. Abertura Intelectual: estar disposto à troca e a inovação, as propostas diferentes, as posições fechadas limita as ações de um gestor cultural.

6. Aprimoramento: Capacidade de lidar com relações interpessoais, de lidar com trabalhadores da arte, respeitando as diferenças e necessidades das pessoas físicas ou jurídicas.

7. ?Ouvido?: se vincula a sensibilidade e a abertura intelectual, e as disposições a escutar o outro para obter objetivos comuns.

8.Utilização de uma comunicação que facilite compreender e ser compreendido pelos artistas promovendo um clima de confiabilidade na demanda da cultura. Percepção dos mecanismos geradores de conflitos e busca de alternativas para solucioná-las

9. Reflexos: para reagir ante o inesperado, a surpresa, o impensado, que é bastante comum no campo da cultura; destreza para improvisar.

10. Capacidade de adaptação e organização: indispensável para se adequar a realidade alterada, a equipes de trabalho (os gestores individualistas se esgotam rápido).

11. Paciência: Em miúdos, os resultados tardam bastante em chegar, os processos são lentos?

12. Atitude de serviços: se trabalha por um projeto e para as pessoas, não para satisfazer o próprio ego.

13. Criatividade: indispensável para resolver situações novas, para gerar ações.

14. Compreensão da administração: o gestor tem de lidar com burocracias de todas as formas, oficial e privada, e tem que estar preparado para fazê-lo com habilidade e paciência.

15. A gestão da área cultural é bastante complexa, pois dialoga com outras áreas e outros saberes desta forma para dar conta de toda a diversidade exige do gestor uma formação interdisciplinar onde haja noção de economia da cultura, marketing, ética profissional, princípios jurídicos, bem como dominar técnicas de planejamento e gerenciamento organizacional levando em consideração as diferentes áreas culturais, e suas ocorrências. È indispensável que acompanhe de forma ativa as políticas culturais vigentes em todos os níveis governamentais: Municipal Estadual Federal.

Esta é nossa contribuição para o momento, e aproveitando o reiteramos aqui a nossa vontade e disposição de contribuir junto ao novo governo para o desenvolvimento artístico e cultural do nosso estado, e acreditamos que continuaremos avançando sem retrocessos. Dirigimo-nos a senhora governadora a nosso público, e ao povo do RN com a convicção que estamos no rumo certo e disposto a apoiar as políticas de investimentos para produção cultural. Finalizamos está comunicação prestando o nosso reconhecimento e estima a senhora Governadora Rosalba Ciarline e a todos e todas que acreditam na arte e na cultura como elemento propulsor para o avanço da sociedade.

?Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto é realidade?
Raul Seixas

Um comentário:

Rosinaldo Luna disse...

Muito boa a carta. Acredito muito que é interesse de qualquer governo abraçar o SNC por inteiro, o Fundo Estadual de Cultura será só uma questão de tempo, mas bom saber que essa nova gestão pensa em implantá-lo. Ideal seria os 1,5% mas, vamos torcer que saia logo o nosso fundo. AH! O blog est´amaravilhoso amigo.
Rosinaldo Luna.