Fortim da Ponta Negra
Ponta Negra é uma pequena
enseada, um pouco abrigada dos ventos, e que podia ser usada para um
desembarque – foi o que fizeram os holandeses em 1633, quando atacaram o forte
dos Reis Magos (ver).[1]
Em 1808, o governo do Rio Grande do Norte, considerando a Ponta Negra “um dos
melhores desembarcadouros” [2]
da capitania, sugeriu a construção de um reduto ou bateria aberta,
“colocando-se ali nove ou doze canhões de calibre doze ou dezoito, com um
comandante e guarnição competente”.[3]
Mas, aparentemente, nada foi feito até cinco anos depois, quando o governador
construiu “um forte de faxina revestido de pedra, para nele laborarem 4 peças”.[4]
Esta fortificação continuou a existir por mais alguns
anos, aparecendo como “reduto da Ponta Negra” na relação de fortes do Império
de 1829, quando estava equipada com um canhão,[5]
mas foi desarmada com a Regência. Ainda aparece citada no relatório do ministro
da Guerra de 1846 e na relação de artilharia dos fortes, feita no contexto da
Questão Christie, em 1863 é listada sem artilharia e como “não tendo
importância”, o relatório de 1846 adicionado que tinha sido abandonada por seu
mal estado.[6]
Forte da Redinha
Obra feita de faxina revestida de pedra em 1808, na margem
norte do rio Potengi, no bairro da Redinha,[7]
para cruzar fogos com o forte dos Reis Magos (ver). Como a barra já era
defendida pelo forte maior, deve ter tido uma história muito curta, já não
sendo citado na relação de fortes de 1829.[8]
Figura 13 – Mapa das fortificações do
Rio Grande do Norte no início do século XIX.
FAZER
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Forte de Genipabu
Conjunto composto de um forte e trincheira construídos em
1808 pelo governador do Rio Grande do Norte, na ponta de Genipabu, um pouco ao
norte de Natal; a documentação de época deixa a entender que era uma obra
improvisada, levantada “pelo modo que as circunstâncias o permitiam”.[9] Em 1829, ainda era
listada como estando armada com um canhão,[10]
devendo ter sido abandonada com a Regência, dois anos depois, não sendo mais
citada em outros documentos do Império, apesar de, curiosamente, Garrido dizer
que ainda havia vestígios do forte em 1940, com dois canhões no local.[11]
Fortim de Pititinga
A enseada de Petitinga ou Pititinga é um pequeno
ancoradouro, situado a cerca de cinqüenta quilômetros ao norte de Natal, que
fornece certo abrigo para embarcações, a Memória
relativa à defesa do Rio Grande do Norte, de 1808, aponta que lá “continuamente
vão parar embarcações estrangeiras, que acossadas pelo tempo procuram abrigar-se”,[12] mencionando em
seguida que foi feito um forte improvisado no local, “da forma que foi
possível”.[13] Em 1829, aparece
como estando armado com dois canhões,[14]
mas foi abandonado com a Regência, dois anos depois, desaparecendo nos anos
seguintes, a última informação que localizamos sobre o fortim é de 1874, quando
“duas peças de calibre 9, as quais jaziam há muito tempo na praia da
‘Pititinga’”,[15] foram enviadas
para o forte dos Reis Magos.
Bateria de Porto dos Touros
Obra feita em uma enseada, com uma certa proteção para os
navios que chegavam na costa a cerca de setenta quilômetros ao norte de Natal,
no início do século XIX mas, ao contrário do que coloca Fausto de Souza,[16] não é mencionada
entre os fortes feitos na capitania em 1808,[17]
aparecendo em uma lista de fortes do Império, de 1829, com a indicação de que
era armada com seis canhões.[18]
Esta última data nos leva a supor que foi feita depois de 1818, quando
corsários atuavam na área, ou na época da Guerra da Independência, por causa de
um possível ataque português. Foi desarmada com a Regência e abandonada por ser
considerada como de nenhuma importância.[19]
Hoje em dia há pelo menos três canhões ingleses, do século XVIII, na praça em
frente à igreja da cidade, devendo ser deste forte.
Bateria de S. Pedro do Pau Amargoso/Forte da Ilha de Manuel Gonçalves
Fortificação que é citada por Fausto de Souza como tendo
sido feita na ilha Manuel Gonçalves em 1808,[20]
o que certamente é incorreto, pois não aparece na Memória relativa à defesa do Rio Grande do Norte, daquele ano.[21] Situada na barra do
Açu, a cerca de 180 km
a noroeste de Natal, acreditamos que foi feita depois de dezembro 1818, quando
a região foi atacada por um corsário inglês, que apresou cinco sumacas ali, sem
que houvesse nenhuma reação militar[22]
– sinal de que não havia um forte. Em 1829, a relação da artilharia dos fortes do
Império menciona a existência de uma “bateria do Pau Amargoso”, armada com sete
canhões,[23] e como a ilha
ficava na barra do Amargoso, cremos se tratar da mesma posição. Neste caso, é
notável a força da artilharia disponível no local, só inferior à da Fortaleza
dos Reis Magos (ver).
A ilha de Manuel Gonçalves foi destruída pelo mar a partir
de meados da década de 1820, mas o forte ainda era mencionado no relatório do
Ministro da Guerra de 1846, como estando abandonado e desarmado por seu mal
estado de conservação,[24]
indicativo de que deve ter sido desarmado em 1831, na Regência, como a maioria
das outras fortificações do País.
[1] LAET, op. cit. p. 423.
[2] OFÍCIO do Lopo Joaquim
de Almeida Henriques sobre a pouca segurança que a Fortaleza dava à capitania e
à Cidade de Natal, e a necessidade de se construir uma bateria com nove a doze canhões
na "Ponta Negra", três léguas a norte (sic) da Barra do Potengi.
Natal, 16 de março de 1803. Mss. Arquivo Ultramarino.
[3] id.
[4] ALBUQUERQUE, José
Francisco de Paula Cavalcanti de. Memória relativa à defesa da capitania do Rio
Grande do Norte. Revista do IHGB, Tomo XXVII, parte primeira, 1864. p. 246.
[5] MONTEIRO, Jônatas da
Costa Rego. Relação dos fortes existentes no Brasil em 1829, com indicação do seu
armamento. IN: Revista Militar Brasileira,
jan.-jul. 1927. p. 218.
[6] BARRETO, João Paulo
dos Santos. Relatório da Repartição dos Negócios da Guerra Apresentado
à Assembléia Geral Legislativa na 3ª sessão da 6ª Legislatura pelo respectivo ministro
e secretário de estado. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1846. Mapa n° 9
e RELAÇÃO (1863), op. cit.
[7] ALBUQUERQUE, op. cit. p. 246.
[8] MONTEIRO, op. cit. p. 218.
[9] ALBUQUERQUE, op. cit. p. 246.
[10] MONTEIRO, op. cit. p. 218.
[11] GARRIDO, Carlos.
Fortificações do Brasil. IN: Subsídios
para a História Marítima Brasileira. T. III. Rio de Janeiro, 1940. p. 326.
[12] ALBUQUERQUE, op. cit. p. 246.
[13] id. p. 246.
[14] MONTEIRO, op. cit. p. 218.
[15] FALA com que o Ex.
Sr. Dr. João Capistrano Bandeira de Melo Filho abriu a 1ª sessão da vigésima
legislatura da assembléia legislativa provincial do Rio Grande do Norte em 13
de julho de 1874. Rio de Janeiro: Tipografia Americana, 1874. p. 22
[16] SOUZA, Augusto Fausto
de. Fortificações do Brasil. IN: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
vol. 48, parte II, 1885. p. 77.
[17] ALBUQUERQUE, op. cit. pp. 245-248.
[18] MONTEIRO, op. cit. p. 218.
[19] RELAÇÃO (1863), op. cit.
[20] SOUZA, op. cit. p. 77.
[21] ALBUQUERQUE, op. cit. p. 246.
[22] CARTA do
Comandante do Degredo da Ilha de Manoel Gonçalves, Alexandre José Pereira , para o
Capitão Manoel Varella Barca. Ilha de Manoel Gonçalves, 13 de Dezembro de 1818.
Apud Corsários ingleses na Ilha de Manoel Gonçalves, 1818. http://trindade.blog.digi.com.br/2011/04/19/corsarios-ingleses-na-ilha-de-manoel-goncalves-1818/.
Acesso em dezembro de 2011.
[23] MONTEIRO, op. cit. p. 218.
[24] BARRETO, op. cit.
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