6 de outubro de 2010

Pe. Geraldo Nascimento

A direita prepara novo golpe militar - Pe. Geraldo Nascimento, SJ








Estou muito assustado. Indignado com a desfaçatez da direita política. Para desencadear um golpe militar, eles não podem ir de peito aberto, como que a dizer: “vamos dar um golpe”. Certamente aqui se aplica o adágio da filosofia: “primeiro na intenção, último na execução”.

O caminho que a direita política está fazendo é o mesmo do “Júnior”, George Bush. Primeiro ele lançou a “descoberta aterradora”, dos organismos de “inteligência” dos EE.UU, seu país, de que o Iraque estava produzindo armas de destruição em massa. Comprou a grande mídia mercenária e espalhou a notícia pelo mundo inteiro (ou foi comprado pela grande mídia, a gente não sabe ao certo, se vem primeiro o ovo ou a galinha). Uma imensa marcha mundial, de mais de 10 milhões de pessoas, saiu às ruas, em protesto contra a invasão do Iraque (até em Goiânia marchamos com mais de 5 mil pessoas). Mas, mesmo assim, uma vez inoculada e convencida a opinião pública, do “perigo iminente”, ele aniquilou o país. As aludidas armas de destruição em massa nunca foram encontradas, mas o petróleo foi roubado e os milenares e riquíssimos museus foram saqueados. O Bush foi processado? Não. Vai ser? Não. Algum militar das forças aliadas, que praticaram todos os tipos de abusos e roubos, com homens e mulheres iraquianos, foi processado? Vai ser? Não.
Aqui no Brasil, pela primeira vez em 1º de abril de 1964, fizeram o mesmo. Arranjaram uma “marcha da família, com Deus, pela liberdade” e deram o golpe militar, que era para ser contra o comunismo, que supostamente ameaçava a nação, e contra uma dita corrupção, que também supostamente ameaçava a nação. Roubaram, torturaram, desapareceram com pessoas, mataram, estupraram, arrancaram dentes e unhas, afundaram crânios, queimaram pessoas, enterraram vivos, afogaram em alto mar... A tal corrupção aumentou desassombradamente. Conto só um caso: tive de sair da firma onde eu trabalhava, por não concordar com a venda de 60 veículos, zero quilômetro, sem nota fiscal, por parte do interventor federal, encarregado de “limpar” a corrupção. E esta vergonha de nossa nação durou por 21 anos. Terminado o crime e o roubo da nação, os criminosos, que praticaram toda sorte de desmandos, não puderam ser julgados e punidos, pois fizeram uma lei de Anistia que igualou o torturador ao torturado. Para enorme vergonha do Supremo Tribunal Federal, perdoou o assassino como se seu ato tivesse sido feito em combate, quando, na verdade, o crime foi praticado na covardia, de vários contra um, que estava preso, amarrado, algemado, amordaçado, pendurado no pau de arara, na mais cruel desumanidade. O Bush, lá no norte, pela mentira internacional e pela catástrofe que produziu no Iraque, não foi julgado. Aqui também, por todos os crimes da ditadura, estamos no mesmo, não se pode julgar. Na América Latina, nos países onde houve ditaduras militares, foi diferente, os responsáveis foram julgados e punidos. Temos esperança de um dia chegar lá.

Aqui, no país, pela segunda vez estão montando o arcabouço de um novo golpe, como já escrevi dias atrás – “Sinto cheiro de verde oliva e de pólvora no ar”. A direita política esta inundando a grande mídia (ou vice-versa) de denúncias de corrupção, que nunca provam nada. Espalham notícias falsas de que a igreja toda já está condenando. E agora este “manifesto pela democracia”, que diz que o Governo é que quer dar um golpe. Os institutos de pesquisa de opinião, inclusive o Data/Folha, arquiinimigo do Governo Lula, apresentam um índice de aprovação de 75 a 85%, do Governo e do Lula. Como é que poderia ser o Governo a dar um golpe. Se tiver golpe é do povo. E se é do povo, não é golpe, é vontade da nação. Golpe é deste ajuntado de “senhoras de santana”, alguns intelectuais que apoiaram o golpe de 64, militares reformados, e outros mais, do mesmo calibre usurpador.
Aproveito este espaço para alertar e conclamar o povo brasileiro a sair nas ruas, de modo pacífico, mas firme, antes que as armas ocupem a praça do povo e promovam mais um morticínio.
A esquerda perdeu várias eleições nacionais, desde a descoberta (invasão) do país, em 1500. Candidatou-se novamente nos seguintes pleitos, até vencer democrática e legalmente em 2002. A direita perdeu duas vezes e não aceita perder a terceira, quer virar a mesa, dar novo golpe. Não promovam esta aventura, pois os 80% que aprovam o governo somam mais de 160 milhões de pessoas.

· Pe. Geraldo Marcos Labarrère Nascimento
Diretor da Casa da Juventude Pe. Burnier

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