9 de outubro de 2011

LINGUAGEM RADIOFÔNICA

LINGUAGEM RADIOFÔNICA

Praticamente não existe em todo mundo, um só país que não possua uma cadeia de emissoras de rádio, ou povo menos desenvolvido que não tenha pelo menos seus 400.000 aparelhos receptores de rádio.

Da mesma forma que jornais, revistas, cinemas e TVs, a audiência radiofônica faz parte da vida diária dos habitantes da terra.

Lembrando que principalmente após a invenção do transistor e a utilização de pilhas nos receptores, permitiu-se a audição de programas de rádio em qualquer parte, sem dependência da corrente elétrica, o que aumentou ainda mais o valor desse veículo de comunicação.

É bom lembrar também que o rádio está em constante atividade, havendo estações que transmitem diariamente uma programação dirigida a determinados grupos sociais e “interesses”, o que chamamos de Programação Segmentada.

Um outro aspecto a ser considerado é que as emissoras são encontradas nas grandes metrópoles e raramente nas pequenas comunidades, evidenciando a necessidade de uma melhor distribuição dos meios de comunicação na geografia nacional.

É interessante observar que o emprego do rádio como veículo de comunicação proporciona um contato mais pessoal e menos formal do que as palavras escritas no jornal.

O rádio não carece de atenção exclusiva como a TV e o jornal. Você pode estar trabalhando, estudando, dirigindo um carro, comendo, passeando, andando de bicicleta, etc., e mesmo assim estar em contato com ele.

A este respeito, contam Cutlip e Center em seu livro “Effective Public Relations”, que Godfrey explica o seu sucesso frente ao microfone pelo uso da técnica da conversação, isto é, ao falar no rádio o fazem em tom de conversa, como se dirigisse a uma só pessoa.

Sidney Eiges, em seu artigo intitulado “O Céu é o Limite”, ao comentar essa técnica disse que esse método ao mesmo tempo revaloriza a música, o noticiário e começa a atrair a atenção de um maior número de ouvintes.

Diversas pesquisas realizadas na Europa, nos Estados Unidos e também aqui no Brasil, atestam que os chamados Programas Comentados possuem a maior audiência dentre todos os demais. Fato este que deve ser observado por todos aqueles que querem fazer uso do rádio para discutir novas propostas e soluções para os problemas sociais.

Notamos também que os programas de caráter informativo tem um público considerável, o que empresta ao rádio uma importância extraordinária para a vida prática do cidadão.

A realidade é que hoje o rádio pode ser, por excelência da conversação, do debate, da palavra, da música aliada a efeitos sonoros, uma maneira mais oportuna e dinâmica do que a linguagem escrita, ainda que esta se manifeste em berrantes manchetes de jornais. Embora o jornal tenha a função de perpetualizar os fatos nele registrados.

Entretanto para que as informações transmitidas pelo rádio possam realmente apresentar as já reconhecidas vantagens de comunicação é imprescindível que a programação seja preparada numa linguagem própria para a transmissão radiofônica.

Primeiramente deve-se cuidar que o rádio exige textos para os ouvidos e não para os olhos, devendo despertar a imaginação do ouvinte.

Quanto aos equívocos, uma vez irradiados, não podem ser retificados e nem desculpados por conta dos famosos erros de imprensa.

O fator tempo é precioso nas transmissões, sendo que as notas e comentários tem que ser concisos e objetivos.

Não podemos esquecer que o rádio-ouvinte precisa ter sua atenção despertada a todo momento, uma vez que ninguém tem a capacidade de se manter inteiramente voltado para as informações que lhes estão sendo transmitidas.

Essa exigência de atenção constante é uma das mais sérias desvantagens da radiodifusão, principalmente levando-se em conta que as informações do rádio podem ser as coisas mais perecíveis do mundo se não fizermos os cuidados merecidos. Uma notícia má irradiada e não bem compreendida não permite ao ouvinte tê-la novamente em seus ouvidos.

Outro uso do rádio como excelente veículo de comunicação, são as irradiações sobre acontecimentos especiais relacionados direta ou indiretamente com os poderes públicos e também com a população. A repercussão de eventos, realizações ou reivindicações da população têm mais força quando transmitidas à toda uma comunidade.

É certo que nessa utilização do rádio deve-se tomar cuidados afim de evitar programas enfadonhos. Neste caso estariam os quilométricos discursos e fatigantes mesas redondas, devendo o produtor radiofônico cuidar das informações, da forma sintética e da clareza nas conversações.

O rádio é instantâneo, pois imediato. Envolve os ouvintes, permite o diálogo, obriga os ouvintes a pensar e principalmente a imaginar quando trabalhado adequadamente. A peça “A Invasão dos Mundos” de Orson Wells é um bom exemplo disto.

Ao Locutor-Apresentador cabe a responsabilidade da veiculação de informações corretas. É necessário que saiba discernir sobre a honestidade das mensagens a serem transmitidas.

O ouvinte acredita, quase sempre piamente, no que está ouvindo, por isto é preciso praticar-se a lógica e adotar uma consciência profissional e responsável para agir com razão.

O rádio também desperta a imaginação e as palavras aparecem com carga emocional quando sabemos interpretá-las segundo o seu contexto. É fundamental valorizar o ouvinte, em qualquer circunstância. De forma nenhuma devemos desrespeitar o ouvinte questionando sua posição, pensamento, concepção, credo, etc. Podemos fazer até sérias críticas quanto aos fatos, mas não devemos envolver o ouvinte nessas situações e demais veículos, pois não é nem necessário que se seja alfabetizado para absorver suas mensagens.

CONCEITOS BÁSICOS DE UM ROTEIRO RADIOFÔNICO

1.Decida em primeiro lugar o público alvo de seu programa, pois isto valoriza as idéias e dá propósito às mesmas.

2.O roteiro deve ser simples, natural, sincero, contendo palavras que possam realmente ser compreendidas pelos ouvintes.

3.O roteiro deve ser escrito para ser falado, portanto em linguagem de conversa.

4.Embora a audiência radiofônica seja grande, ela é composta normalmente de pequenos grupos e indivíduos isolados. Dirija sua mensagem a estes pequenos grupos componentes de sua audiência.

5.Quanto mais geral for o roteiro, mais geral será a aceitação por parte de seus ouvintes.

6.Empregue vocabulário simples, fuja das palavras técnicas usando termos concretos.

7.Pense sempre no som das palavras e não como elas aparecem impressas.

8.Antes de você produzir seu programa, pesquise bastante o tema que terá de abordar, pois a falta de dados é uma razão constante do fracasso.

9.Um material simples, honesto e verdadeiro é o mais indicado para fazer seu roteiro.

10.Os efeitos sonoros e fundos musicais devem ser utilizados de forma coerente e comedida. O abuso dos mesmos em termos de quantidade ou volume, podem deturpar a estética do programa e desviar a atenção do ouvinte dificultando a compreensão da mensagem.

11.Ponha ação no seu roteiro. Faça as figuras se movimentarem e agirem.

12.Empregue palavras que construam imagens, palavras capazes de criar “cenários”, utilize mais os substantivos concretos e menos palavras abstratas.

13.Ao elaborar seu programa, tenha algo para dizer, não adianta “produzir” se você não tem nenhum tema para apresentar, lembrando que a simplicidade é um dos segredos do sucesso.
Chico Lobo

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